11 ago, 2022 - 20:20 • Pedro Mesquita , Marta Pedreira Mixão
Um grupo de investigadores do Instituto Italiano de Medicina Genómica (IIGM) descobriu uma vacina capaz de desencadear respostas imunitárias aos tumores e que pode aumentar a eficácia dos medicamentos de terapia imunitária.
De acordo com a agência de notícias ANSA, o fármaco revelou-se eficaz, em associação com um medicamento para a imunoterapia, em mais de uma dezena de doentes com um subtipo de cancro do cólon e que apresentavam metástases.
Apesar de promissora, a notícia deve ser encarada de forma cautelosa.
À Renascença, Maria José Oliveira, investigadora do I3S (Universidade do Porto) na área do cancro do cólon, defende que é exagerado dizer-se que foi descoberta uma vacina contra o cancro.
“É, obviamente, uma combinação de uma vacina com imunoterapia que resultou muito bem em modelos animais e que é bastante promissora, porque foi depois aplicada em doentes com doentes com cancro do cólon em estadio avançado. Mas é preciso notar que estes doentes, que foram sujeitos a esta terapia, é, dentro dos doentes com cancro do cólon, geralmente o tipo de doentes que melhor responde às terapias e mesmo às vacinas anti-tumorais”.
A investigadora defende que “seria muito interessante, agora, verificar se no tipo de doentes onde o grau de resposta é geralmente inferior os resultados são efetivamente semelhantes”, pois seria “uma mais valia” comprovar que “doentes que têm uma resposta muito limitada também conseguiam responder a este tipo de terapia”.
Maria José Oliveira salienta ainda que “este tipo de trabalho traz de novo a demonstração que a combinação terapêutica é realmente o caminho” e que “para tratar o cancro não devemos prender-nos com terapias únicas, mas combinar diferentes terapias”.
“Uma das possibilidades e soluções seria a vacinação combinada para antigénios tumorais, moléculas que existem na superfície das células tumorais, e a tal imunoterapia, que tem sido de facto muito eficiente no tratamento de outros tumores, mas que, infelizmente, no caso do cancro do cólon, não”, explica.