12 ago, 2022 - 22:35 • Lusa
A Arquidiocese de Manágua informou que a polícia nicaraguense não autorizou a procissão com a imagem da Nossa Senhora de Fátima, que estava agendada para sábado.
“A Polícia Nacional informou-nos que, por razões de segurança interna, não é permitido o desenvolvimento da procissão marcada para as 07h00 do dia 13 agosto”, explicou aquela diocese, liderada pelo cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes.
Esta atividade foi planeada por ocasião do Congresso Nacional Mariano, que começou no último domingo, e que termina com a peregrinação da imagem da Nossa Senhora de Fátima na Nicarágua, onde permaneceu durante 30 meses.
Por isso, a Arquidiocese de Manágua convidou todos os fiéis católicos a jejuar hoje e a rezar “pela conversão de todos”, e a irem sábado diretamente à Catedral da capital nicaraguense, “fazendo-o de maneira pacífica para orar pela Igreja e pela Nicarágua”.
“Vamos encontrar-nos às oito da manhã no átrio da Catedral da Imagem da Nossa Senhora de Fátima para rezar o Santo Rosário e depois participar na missa, que vai ser presidida pelo senhor arcebispo cardeal Leopoldo Brenes e todo clero arquidiocesano”, disse o comunicado da diocese.
A procissão convocada para sábado com a imagem da Nossa Senhora de Fátima ia sair da escola Cristo Rei até ao átrio da Catedral de Manágua, numa distância de cerca de dois quilómetros.
Uma réplica da imagem da Virgem, levada do Santuário de Fátima, chegou à Nicarágua em janeiro de 2020 como parte de um intenso dia de oração pela paz e unidade neste país da América Central.
A réplica portuguesa da Nossa Senhora de Fátima, que faria uma peregrinação pela Nicarágua durante 18 meses para comemorar o Ano do Jubileu Mariano, de 25 de janeiro a 25 de julho de 2021, está no país há 30 meses.
A imagem chegou ao país caribenho numa altura de crise sociopolítica que eclodiu em abril de 2018, pela qual o executivo de Daniel Ortega culpou, entre outros, os bispos locais.
A proibição da procissão com a imagem da Nossa Senhora de Fátima surge no meio de uma série de ações do Governo sandinista contra a Igreja Católica da Nicarágua, que inclui a investigação do bispo Rolando Alvarez, a quem a Polícia Nacional acusa de tentar “organizar grupos violentos”, tendo o mantido cercado e detido num palácio episcopal por nove dias junto com outros quatro padres e cinco leigos.
Além disso, houve o encerramento de oito estações de rácio católicas, a exclusão da programação de televisão por assinatura de três canais católicos e a entrada forçada e invasão de uma paróquia.
O Presidente nicaraguense classificou como “terroristas” os bispos do país que atuaram como mediadores de um diálogo para uma solução pacífica para a crise na Nicarágua.