18 ago, 2022 - 23:46 • Lusa
Um juiz mostrou-se disposto a revelar parte da justificação das buscas à propriedade do ex-presidente norte-americano Donald Trump para apreender documentos secretos.
O magistrado federal Bruce Reinhart deu aos procuradores uma semana para enviarem uma cópia da declaração com propostas de redação, especificando as informações que deseja manter em segredo após o FBI (polícia federal norte-americana) ter apreendido informações classificadas e ultrassecretas durante uma busca à propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na semana passada.
A audiência foi convocada esta quinta-feira após vários órgãos de comunicação terem pedido que fossem tornados públicos registos adicionais vinculados às buscas. É provável que esses documentos contenham detalhes importantes sobre a investigação do Departamento de Justiça, que investiga se Trump reteve e manipulou incorretamente registos governamentais confidenciais.
O Departamento de Justiça opôs-se veementemente a tornar essa declaração pública, argumentando que isso comprometeria a investigação em andamento, exporia as identidades de testemunhas e poderia impedir que outros cooperassem com o Governo.
Os advogados dos orgãos de informação, no entanto, argumentaram que a natureza sem precedentes da investigação do Departamento de Justiça justifica a divulgação pública.
"Não se pode confiar no que não pode ver", disse Chuck Tobin, advogado que representa os meios de comunicação.
O juiz concordou em tornar públicos outros documentos, incluindo a página frontal do mandado, a moção do Departamento de Justiça para selar os documentos e a ordem do juiz exigindo que eles fossem selados.
Esses documentos mostraram que o FBI estava a investigar especificamente a "retenção intencional de informações de defesa nacional", a ocultação ou remoção de registos do Governo e obstrução de uma investigação federal.
Jay Bratt, um dos principais procuradores de segurança nacional do Departamento de Justiça, argumentou que a declaração deveria permanecer escondida do público.
A abertura, defendeu Bratt, forneceria um "roteiro" da investigação, que está numa fase inicial, e exporia os próximos passos a serem dados por agentes federais e procuradores.
O procurador argumentou que era do interesse público que a investigação, incluindo entrevistas de testemunhas, prosseguisse sem impedimentos.
Quando a audiência começou, uma pequena caravana de veículos com bandeiras de Trump passou pelo tribunal federal em West Palm Beach, Florida. Uma advogada de Trump, Christina Bobb, esteva no tribunal, mas disse que a sua presença era apenas para observar o processo judicial.
Bratt argumentou no tribunal que mesmo uma versão redigida do documento poderia revelar etapas investigativas ou criar a capacidade de detetives ou aqueles que estão a ser observados na investigação para identificar testemunhas no caso.
Reinhart deu ao Governo até à próxima quinta-feira para apresentar a sua versão com as redações propostas.
A investigação do Departamento de Justiça norte-americano sobre se o ex-presidente Donald Trump armazenou ilegalmente registos confidenciais na sua propriedade na Florida ainda está "nas suas fases iniciais".
A revelação de Jay Bratt, um dos principais procuradores de segurança nacional, foi a indicação mais clara até ao momento de que o Departamento de Justiça está a examinar diretamente a conduta de Trump e está a avançar na sua investigação criminal depois de o FBI (polícia federal de investigação) ter apreendido informações classificadas e ultrassecretas durante uma busca à residência do antigo presidente em Mar-a-Lago, na semana passada.
Os detalhes sobre a investigação foram divulgados hoje numa audiência em tribunal após várias órgãos de comunicação social pedirem a um juiz federal que tornasse pública a declaração que apoiava o mandado que permitiu que agentes do FBI vasculhassem a propriedade de Trump na Florida.
O Governo alega que divulgar a informação comprometeria a investigação.