21 ago, 2022 - 15:38 • Lusa
O chanceler alemão, Olaf Scholz, reitera que a Rússia tem de abandonar quaisquer planos de conquista da Ucrânia e respeitar a vontade dos ucranianos para ser possível negociar o fim da guerra.
"Não aceitaremos uma paz que o Governo, o Parlamento e o povo da Ucrânia não possam aceitar", disse Scholz num encontro com cidadãos por ocasião do dia de abertura da Chancelaria em Berlim, segundo a agência espanhola EFE.
Scholz afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, iniciou o conflito com a "clara intenção" de anexar o país vizinho em parte ou na totalidade.
Com a invasão lançada em 24 de fevereiro deste ano, Putin rompeu com um acordo de décadas na Europa de não alterar as fronteiras pela força, referiu o chefe do Governo alemão.
Scholz disse que a Rússia deve compreender que as sanções ocidentais não serão levantadas enquanto não for alcançado um "acordo justo" com a Ucrânia.
"Mas, ainda não estamos lá", afirmou o dirigente social-democrata, que lidera um executivo de coligação com os verdes e os liberais.
Scholz disse também que continuará a falar com Putin, embora reconhecendo que as conversas com o líder russo são complicadas, mesmo que não sejam realizadas em "mesas de sete metros de comprimento", mas sim por telefone.
"É preciso ser claro e não ser intimidado", disse, depois de se referir à mesa longa que Putin tem usado em encontros com dirigentes ocidentais.
À pergunta de um participante no encontro se a guerra não poderia ter sido evitada com uma posição menos beligerante da NATO, Scholz disse que Putin já tinha planeado a invasão da Ucrânia pelo menos há um ou dois anos.
O chanceler alemão recordou que na sua última conversa com Putin, disse que o Presidente russo sabia que a adesão da Ucrânia à NATO não estava na ordem do dia.
Disse que repetiu essa mensagem na conferência de imprensa após o encontro para que a Rússia não a usasse como argumento para a guerra.
"Com o Presidente ucraniano [Volodymyr Zelensky] tínhamos um acordo sobre um caminho que teria levado à dissolução desta preocupação", disse, referindo que tudo foi ultrapassado com a eclosão da guerra.
"A NATO nunca foi uma ameaça para a Rússia", afirmou.
Scholz acrescentou que não havia qualquer motivo para a guerra, além da declaração pública de Putin de que a Bielorrússia e a Ucrânia não são Estados reais, e devem pertencer à Rússia, algo que qualificou como "totalmente absurdo".
A guerra pôs a descoberto a dependência europeia da energia russa, incluindo a Alemanha, que cancelou a entrada em funcionamento do segundo gasoduto direto com a Rússia após a invasão da Ucrânia.
Recentemente, Scholz defendeu que a redução da dependência de gás russo passa por um gasoduto que transporte gás a partir de Portugal através de Espanha e França para o resto da Europa.
A poucos dias de completar seis meses, desconhece-se o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
A guerra provocou também 12 milhões de refugiados e de deslocados internos.
A União Europeia e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos e fornecido armas à Ucrânia.