23 ago, 2022 - 17:46 • Lusa
A Polícia Federal brasileira cumpriu, esta terça-feira, ordens de busca e apreensão de possíveis provas nas residências de oito empresários aliados do Presidente, Jair Bolsonaro, que teriam enviado mensagens favoráveis a um golpe de Estado numa plataforma social.
As buscas foram ordenadas por Alexandre de Moraes, magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que assumiu uma queixa aberta na semana passada após a imprensa divulgar as mensagens em que os empresários defendem um golpe em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro.
Segundo nota da Polícia Federal, os oito mandados de busca foram cumpridos nas residências dos empresários nos estados brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Os empresários investigados são conhecidos aliados de Bolsonaro, que ambiciona ser reeleito em outubro, mas que as sondagens mostram que está atualmente em segundo lugar com cerca de 30% das intenções de voto e abaixo de Lula da Silva, que lidera com cerca de 45% das intenções de voto.
Nesta ação na casa dos empresários, o STF ordenou a apreensão das contas bancárias, das redes sociais, interrogatórios da Polícia e o levantamento do sigilo bancário dos suspeitos.
Entre os empresários investigados destacam-se Luciano Hang, proprietário da loja de departamentos Havan, Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, José Isaac Peres, da rede de 'shopping centers' Multiplan, e Ivan Wrobel, da construtora W3.
Também estão sob investigação José Koury, dono do Shopping Barra World, André Tissot, presidente do Grupo Serra, Marco Aurélio Raimundo, da empresa Mormaii e Afranio Barreira, da rede de restaurantes Grupo Coco Bambu.
As mensagens trocadas num grupo de Whatsapp pelos empresários foram divulgadas pelo 'site' Metrópoles e, após a polémica rebentar, os empresários admitiram fazer parte das conversas, mas negaram ter defendido qualquer ato inconstitucional e disseram que as mensagens estavam dentro do seu direito à liberdade de expressão.
"Não somos conspiradores ou apoiantes de nenhum golpe. As mensagens obtidas de um grupo privado de amigos foram distorcidas em significado e contexto", disse Koury num comunicado.
A operação contra aliados de Jair Bolsonaro ocorre após insistentes declarações em que o Presidente questiona a transparência do sistema de votação eletrónica do Brasil sem apresentar provas.
Numa entrevista na quarta-feira ao Jornal Nacional, quando questionado sobre o objetivo dos seus ataques ao sistema eleitoral, o chefe de Estado brasileiro afirmou que só quer garantir que a contagem de votos seja transparente e condicionou o respeito do resultado das urnas à realização de "eleições justas".