24 ago, 2022 - 16:30 • Celso Paiva Sol , Rosário Silva , com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, garantiu esta quarta-feira, durante o encontro que manteve, em Kiev, com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que Portugal continua totalmente disponível para ajudar a Ucrânia, seja em que contexto for.
“Foi importante vir cá pessoalmente, dizer que Portugal continua a apoiar a Ucrânia, de todas as maneiras, politicamente, financeiramente, militarmente e de forma humanitária. O Presidente Zelensky e o meu colega Dmytro Kuleba mostraram-se muito reconhecidos ao apoio de Portugal”, disse o governante português, no final da reunião.
Em declarações aos jornalistas, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que, por parte dos ucranianos, foram feitos alguns pedidos de “natureza militar”, nomeadamente armas e fardamento.
“Para além de algum equipamento bélico, pediram equipamento de uso pessoal, portanto, fardamento, e a nossa indústria têxtil tem uma grande capacidade, é muito reconhecida, e vamos ver o que podemos fazer para corresponder a esse pedido, sobretudo, num quadro onde se começa agora a preparar os meses mais frios de inverno”, frisou, o ministro.
João Gomes Cravinho disse também que Portugal vai empenhar-se na reconstrução de escolas, de resto, uma prioridade sublinhada por Zelensky, destinando a primeira tranche dos 250 milhões de euros prometidos pelo país, para esse efeito.
“O primeiro-mistro quando cá esteve anunciou um apoio extraordinário de 250 milhões de euros destinados à reconstrução da Ucrânia. Nós queremos, desde já, começar a fazer esse investimento, e vamos começar pela reconstrução de escolas na região de Zhytomyr, que fica a ocidente da região de Kiev”, revelou.
Cravinho considerou “fundamental”, num “quadro trágico e difícil”, poder oferecer às crianças, “a normalidade possível”.
“A reconstrução de escolas e o regresso presencial dos alunos é muito importante e, por isso, vamos ver como é que muito rapidamente, da parte do Ministério da Educação, da Parque Escolar, podemos corresponder a esse pedido ucraniano”, especificou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chegou às primeiras horas da manhã à capital da Ucrânia para uma deslocação oficial que decorre esta quarta-feira, dia em que o país celebra o 31.º aniversário da sua independência e assinala também seis meses da invasão do seu território pela Rússia.
O chefe da diplomacia portuguesa assinala assim "in loco esta importante e simbólica data, reiterando o apoio e a cooperação de Portugal ao país em guerra", refere uma nota divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Presidente da República português enviou esta quarta-feira uma carta de felicitações ao seu homólogo ucraniano pela comemoração do Dia da Independência da Ucrânia na qual defende a importância de Kiev “perseverar nas suas redobradas legítimas aspirações europeias”.
Numa nota publicada no site da Presidência é referido que o “Presidente da República enviou uma carta de felicitações ao Presidente Zelensky por ocasião das comemorações do Dia Nacional da Ucrânia, salientando a celebração do 31.º aniversário da independência da Ucrânia”.
A missiva foi entregue “pessoalmente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal ao Presidente Zelensky”, é indicado.
“Reafirmando o seu empenho, bem como o de todos os portugueses, no estreitamento dos laços bilaterais de amizade e de cooperação que unem os dois países, o Presidente da República salientou a importância de se continuar a pugnar pelo diálogo e pelo multilateralismo enquanto veículos fundamentais para a paz e segurança internacionais e sublinhou a relevância da Ucrânia perseverar nas suas redobradas legítimas aspirações europeias”, lê-se na nota.
Na carta, Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda o “relacionamento amigo entre os dois Presidentes”.
A celebração da independência ucraniana - declarada em 24 de agosto de 1991, pouco antes da dissolução formal da União Soviética, de que fazia parte, - é assinalada com restrições e medidas adicionais de segurança um pouco por todo o país, devido ao receio de mais ataques russos numa semana de forte simbolismo.
Ao longo dos últimos seis meses, o conflito no território ucraniano deixou um rasto de destruição no país, provocou um número incerto de vítimas civis e de prisioneiros, mobilizou milhões em ajuda militar e humanitária e suscitou sanções contra Moscovo e várias mudanças no cenário geoestratégico mundial.
A ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 civis, mas continua a alertar que o número será consideravelmente superior.