24 ago, 2022 - 12:11 • Redação com Reuters
A seca na China está a ameaçar a produção de alimentos, e está a levar o Governo de Pequim a ordenar as autoridades locais a tomar todas as medidas disponíveis para garantir que as colheitas sobrevivem ao verão mais quente já registado.
Na terça-feira, quatro departamentos do Governo emitiram um aviso de emergência conjunto, alertando que a colheita do outono estava sob “severa ameaça”.
As autoridades locais são também pressionadas a garantir que “cada gota de água … seja usada com cuidado”, através de métodos que incluem irrigação faseada, desvio de novas fontes de água e a criação de nuvens artificias.
A falta de chuva secou partes do rio Yangtze e dezenas de afluentes, afetando drasticamente a capacidade hidrelétrica e causando apagões e racionamento de energia à medida que a procura por eletricidade aumenta. Existe agora a preocupação com o abastecimento de alimentos no futuro.
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A região sudoeste de Chongqing foi especialmente atingida, com um morador local, Zhang Ronghai, a afirmar que tanto a água como o acesso à energia foram cortados após um incêndio de quatro dias na montanha no distrito de Jiangjin.
"As pessoas precisam de ir a um centro de energia a mais de 10 quilómetros de distância para carregar os telefones", disse Zhang.
Esta quarta-feira, imagens partilhadas no serviço Weibo, espécie de versão chinesa do Twitter, mostraram moradores e voluntários em Chongqing e Sichuan a lutar contra o calor intenso durante os testes obrigatórios à Covid-19, alguns até a desmaiar.
A China, a maior fonte mundial de emissões de gases com efeito de estufa, diz que está especialmente vulnerável às alterações climáticas e espera-se que os desastres naturais proliferem nos próximos anos como resultado do clima mais volátil.
E à medida que a seca se arrasta, os media estatais voltam a atenção para o impacto do fenómeno noutros países.
"As mudanças climáticas são um motivo de alerta para o mundo", escreveu o jornal oficial do órgão de vigilância da corrupção da China na terça-feira, acrescentando que ondas de calor e secas devastadoras têm estado a atingir a Europa, África e América do Norte nas últimas semanas.
A China diz estar empenhada em reduzir as emissões de CO2 antes de 2030 e tornar-se “neutra em carbono” até 2060, com as autoridades igualmente apostas em avançar no desenvolvimento de energias renováveis.
A seca erodiu a geração de energia hidrelétrica e a energia a carvão está novamente em alta, com fábricas na província de Anhui a aumentar a produção em 12% em comparação com anos normais.
Li Shuo, consultor climático do Greenpeace em Pequim, alerta que a escassez de energia "+pde facilmente ser usada como argumento para construir mais fábricas de carvão".
As perspetivas de cooperação internacional para combater as alterações climáticas diminuíram após a visita deste mês da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, uma ilha autogovernada que a China reivindica como sua.
Em resposta, Pequim cancelou as negociações climáticas com os Estados Unidos, suspendendo um importante canal que tem contribuído para impulsionar políticas mais verdes a nível mundial.