26 ago, 2022 - 18:51 • Rosário Silva, com Ricardo Vieira
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A UNITA contesta os resultados provisórios das eleições em Angola. "O MPLA não ganhou", declarou esta sexta-feira Adalberto Costa Júnior.
"As discrepâncias dos mandatos atribuídos à UNITA são brutais", afirma o dirigente da UNITA, sobre os resultados avançados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Adalberto Costa Júnior faz esta acusação com base no sistema de escrutínio paralelo, criado pela própria UNITA e que tem por base as atas síntese. O candidato vai mais longe e exemplifica.
“No círculo eleitoral provincial de Luanda, as atas síntese em posse da UNITA, que correspondem a 99,9%, a UNITA obteve um milhão, 417 mil e 447 votos, o que corresponde a 70% dos votos, contrariamente a um milhão, 220 mil e 213, que corresponde a 62,59% dos votos que a CNE atribui à UNITA. Constata-se uma diferença de 187 mil e 234 votos, a que corresponde um acréscimo de mandatos para a UNITA”, referiu, na declaração que fez ao país.
Para Costa Júnior, o partido do Estado teima em não compreender que a soberania pertence ao povo” e quem “confere poderes para governar é o povo, através do voto nas urnas”, querendo isto dizer que “os partidos políticos e os grupos de pessoas, não podem e não devem subverter a vontade do povo expresso nas urnas”.
O líder da UNITA acena ainda com dados do círculo provincial de Moxico, apesar de a contagem paralela ainda não estar terminada.
“Tendo a CNE já escrutinado, 95,22% dos votos validamente expressos, nas urnas atribui apenas 45 mil e 058, o que corresponde apenas a 22,62% dos votos para a UNITA. Porém, a UNITA escrutinou até ao momento, 79% dos votos vertidos nas atas síntese e apurou 61 mil e 378 votos, o que corresponde também a uma diferença de mandatos”, relatou.
“Curiosamente, da trapalhada da CNE atribui-se dolosamente, um mandato apenas à UNITA, quando o correto seriam dois mandatos”, afirmou, indignado.
O candidato falou ainda de “votação abusiva e ilegal”, atendendo a que nalguns locais ainda se vota, “hoje, dia 26 de agosto, 48 horas depois do termo da votação em todo o território nacional”.
Face a esta realidade, fática e verificável, não existe a menor duvida em afirmar com toda a segurança de que o MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de agosto, pelo que a UNITA não reconhece os resultados provisórios divulgados pela CNE", afirmou, categoricamente.
O líder do partido do Galo Negro defende, por isso, a criação de uma comissão independente internacional para trabalhar com a Comissão Nacional Eleitoral de Angola no apuramento dos votos.
"A direção da UNITA desafia a CNE, em nome da verdade, a aceitar a estruturação de uma comissão, com participação internacional, para ser feita a comparação das atas síntese, em posse da CNE, com as atas síntese, em posse dos partidos políticos”, avançou.
Para "as angolanas e angolanos", Adalberto Costa Júnior deixou também um especial agradecimento "pela forma massiva, responsável, cívica e patriótica como responderam desde a primeira hora ao apelo à mudança e acorreram às urnas de voto", tendo pedido que se mantenham "calmos, serenos e confiantes", na direção da UNITA.