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Angola

Martins da Cruz não descarta cenário de violência nas ruas de Luanda

26 ago, 2022 - 23:45 • João Malheiro

O diplomata realça que "é preciso esperar pelos resultados oficiais finais" e acredita que tal só seja conhecido na próxima semana. Em conversa com a Renascença, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros acredita que uma nova situação económica, a seguir à atual recessão, pode alterar as condições políticas no país.

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António Martins da Cruz sobre a tensão política em Angola
António Martins da Cruz sobre a tensão política em Angola

O embaixador António Martins da Cruz não descarta a possibilidade de violência nas ruas de Luanda, num momento de tensão política em que a UNITA não reconhece os resultados eleitorais provisórios, divulgados nos últimos dias pela Comissão Nacional de Eleições do país.

À Renascença, o ex ministro dos Negócios Estrangeiros realça, porém, que as cerimónias fúnebres de José Eduardo dos Santos, que vai contar com a presença de figuras internacionais, entre elas, o Presidente da República português Marcelo Rebelo de Sousa, podem acalmar os ânimos e Angola poderá ter "alguma tranquilidade" durante o fim de semana.

O diplomata realça que "é preciso esperar pelos resultados oficiais finais" e acredita que tal só seja conhecido na próxima semana. Mesmo assim, espera que, entretanto, MPLA e UNITA cheguem a um acordo.

"O MPLA sabe que a sua posição está mais frágil em termos eleitorais do que em eleições anteriores. Por outro lado, a UNITA sabe que ganhou em círculos eleitorais importantes, sobretudo, em Luanda", indica, apontando que se não houver um consenso "será pior para Angola, para a CPLP e para Portugal".

António Martins da Cruz foi um dos observadores das eleições gerais de Angola, em 2017, e disse que, na altura, "tudo correu tranquilamente". Não obstante, destaca que a vantagem do MPLA na altura foi muito maior do que nas eleições desta quarta-feira.

Questionado se a vitória da UNITA, em Luanda, será significativa para o futuro político do país, o embaixador refere que a recessão, devido à baixa dos preços do petróleio, que Angola enfrenta prejudica o atual governo. E uma nova situação económica pode alterar as condições políticas no país.

"Não é só nos EUA e na Europa que os povos votam com a carteira. Se MPLA ou UNITA poderão tirar vantagem deste facto, só o tempo dirá", conclui.

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