29 ago, 2022 - 17:17
Morreu aquele que era considerado "o homem mais solitário do mundo". O corpo do último membro da sua tribo foi encontrado, na semana passada, na Amazónia brasileira.
O "Homem do Buraco" ou "Tanaru", como era conhecido, nunca entrou em contacto com a sociedade. Tratava-se de um indígena que teria cerca de 60 anos, que deverá ter falecido por causas naturais.
O último da sua tribo vivia na área de Tanaru, no Estado da Rondônia. A alcunha atribuída deve-se aos buracos fundos que ele cavava, para caçar animais ou para esconderijo próprio, uma vez que o seu verdadeiro nome nunca foi conhecido.
O índio da Amazónia foi encontrado numa cama de rede, coberto de penas por já estar à espera da morte, acredita a Fundação Nacional do Índio (Funai). Os seus pertences também estavam intactos e não havia sinais de luta ou agressão, informação dada na nota de pesar publicada pela associação.
Acredita-se que a maioria da sua tribo tenha sido assassinada nos anos 70 do século passado, por agricultores da zona que pretendiam expandir a sua terra. Sabe-se que, em 1995, seis dos últimos membros da sua tribo foram mortos num ataque de mineiros ilegais, tornando-o no único sobrevivente.
Desde 1996 que Fundação Nacional do Índio monitoriza regularmente a área indígena de Tanaru, de forma a garantir a sua segurança. A Constituição brasileira diz que os indígenas têm direito às suas terras e, desta forma, o Território Indígena de Tanaru é restrito de 1998.
No entanto, as indústrias mineiras e agrícolas demonstram constantemente o seu desagrado pela lei que protege os índios. Há relatos de inúmeros crimes contra as populações indígenas, cujo objetivos são a posse dos seus territórios repletos de riquezas naturais.
A última vez que "Tanaru" tinha sido avistado foi em 2018, quando a Funai o encontrou a cortar árvores com um objeto parecido a um machado. Foi gravado um vídeo, ao longe, apenas para provar que o índio ainda estava vivo, de forma a manter a restrição na área.
Existem mais de 200 tribos indígenas no Brasil, e todas vivem sob ameaça de mineiros, lenhadores e agricultores ilegais que querem explorar as áreas protegidas. O objetivo principal da Funai é garantir os direitos das comunidades indígenas.