01 set, 2022 - 03:24 • Lusa
O relatório da ONU sobre a região chinesa de Xinjiang, publicado na quarta-feira, apontou possíveis "crimes contra a humanidade" e mencionou "provas críveis" de tortura e violência sexual contra a minoria uigur, pedindo a intervenção da comunidade internacional.
"A extensão da detenção arbitrária e discriminatória de membros dos uigures e de outros grupos predominantemente muçulmanos (...) pode constituir crimes internacionais, em particular crimes contra a humanidade", referiu o relatório, com menos de cinquenta páginas nas suas conclusões.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, conseguiu manter a promessa de publicar o relatório sobre a região chinesa de Xinjinag antes de deixar hoje o seu cargo, após quatro anos à frente do organismo das Nações Unidas.
O documento, que não parece conter revelações importantes em relação ao que já se sabia sobre a situação em Xinjiang, traz o selo da ONU às acusações feitas há muito tempo contra as autoridades chinesas.
A publicação do relatório foi alvo de intensa pressão particularmente pelos Estados Unidos e pelas principais organizações não-governamentais (ONG) de direitos humanos, e, inversamente, Pequim não queria que fosse divulgado, nomeadamente por considerar o relatório uma "farsa" orquestrada pelo Ocidente, com Washington na liderança.
Nesse documento, a ONU pediu à comunidade internacional que aja com urgência diante das acusações de tortura e violência sexual na região chinesa de Xinjiang que a organização considera "credíveis".
Uma rápida busca no texto da ONU não traz a palavra genocídio. Por outro lado, esta foi a acusação feita contra Pequim pelo Governo norte-americano.
Em janeiro, a Assembleia Nacional Francesa, seguindo os passos da representação do Reino Unido, Holanda e até do Canadá, também qualificou como "genocídio" o tratamento dos uigures pela China.
Xinjiang e outras províncias da China foram atingidas por várias décadas, em particular de 2009 a 2014, por ataques atribuídos pelo Governo chinês a islâmicos ou separatistas uigures.