01 set, 2022 - 08:31 • Marta Pedreira Mixão , João Cunha
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) vai manter as visitas à
central nuclear de Zaporijia, ocupada por tropas russas, na Ucrânia,
apesar dos relatos de bombardeamentos da rota pré-acordada, disse Raphael Grossi, diretor da Agência Internacional
de Energia Atómica (IAEA) e responsável da missão.
“Houve atividades militares, inclusive esta manhã, há alguns minutos,
mas não paramos, vamos continuar”, disse Grossi aos jornalistas na
cidade de Zaporijia, a cerca de 120 quilómetros da central.
“Vamos começar imediatamente a avaliar a situação de segurança da fábrica”-
À agência Reuters, Grossi, justificou o risco de
fazer a viagem e disse ainda estar ciente do "aumento da atividade militar
na área", mas que ia avançar com o seu plano de visitar as instalações.
"Estamos a par da situação atual e sabemos que tem havido um aumento da atividade militar, incluindo esta manhã, mas, tendo chegado até aqui, não vamos parar. Mesmo sabendo que que os riscos são muito elevados. Temos uma muito importante missão a desempenhar: como sabem, temos de começar a avaliar a segurança da central e estamos a equacionar a possibilidade de estabelecer a presença continua da Agência Internacional de Energia Atómica na central".
Peter Maurer, presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, apelou à instantes para que se deixe de brincar com o fogo em redor da central nuclear, depois do conhecimento dos intensos bombardeamentos russos na região.
De acordo com informações do ex-presidente da Câmara da cidade, Dmytro Orlov, os russos atacaram novamente Enerhodar, a cidade satélite perto da central nuclear, onde vários civis ficaram feridos.
“A Ucrânia mantém os esforços para organizar o acesso seguro da missão internacional da IAEA [Agência Internacional de Energia Atómica] à ZNPP [central nuclear de Zaporizhzhia]”, cita a Sky News.
A informação, porém, ainda não foi verificada de forma independente.
Durante a madrugada, os confrontos junto à central intensificaram-se e, de acordo com a empresa de energia ucraniana Energoatom, uma das unidades teve de ser encerrada por questões de segurança.
Dmytro Orlov também informou que a unidade de energia tinha sido encerrada, dizendo que a "proteção de emergência" foi ativada pouco antes das cinco da manhã (hora local), devido ao bombardeamento russo.
O Ministério da Defesa russo publicou também mais informação do que afirma ser uma tentativa das forças ucranianas de "sabotar" ou reconquistar a central nuclear, ocupada pelas forças russas desde março. Segundo o ministério, estas forças "foram bloqueadas por unidades da guarda russa, que estavam a guardar a central nuclear, e unidades das forças armadas russas", acrescentado ainda que "atualmente, está em curso a destruição do grupo de sabotagem das forças armadas da Ucrânia com o envolvimento de helicópteros do exército".
Os peritos nucleares da ONU partiram de Zaporíjia na quinta-feira para visitar a central nuclear ocupada pela Rússia, no sul da Ucrânia, para avaliar eventuais danos.
As condições na central nuclear, a maior da Europa, têm vindo a ser reveladas há semanas, com Moscovo e Kiev a serem responsabilizados por bombardeamentos nas proximidades e aumentando receios de um desastre de radiação.
A missão internacional às instalações foi acordada após a visita do Secretário-Geral da ONU António Guterres à Ucrânia para conversações. As autoridades têm-se preocupado cada vez mais com a segurança do local, que tem sido sujeito a repetidos bombardeamentos nas últimas semanas.