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Peritos da ONU pedem perímetro de segurança na central de Zaporíjia

06 set, 2022 - 18:16 • Pedro Valente Lima

O relatório publicado pela Agência Internacional de Energia Atómica revela que o conflito nas redondezas da central já provocou "danos perto dos edifícios dos reatores". O combate armado no local pode ameaçar "funções críticas" de segurança nuclear como as operações de "contenção de radioatividade e de arrefecimento".

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A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) apela ao "estabelecimento imediato de uma zona de proteção e segurança nuclear" na central de Zaporíjia. A fábrica tem estado sob fogo cerrado entre as tropas ucranianas e russas.

"Enquanto não houver um final do conflito e o restabelecimento de condições estáveis, há uma necessidade urgente de medidas provisórias para prevenir que aconteça um desastre nuclear, dados os danos da estrutura causados pelos meios militares", escreve a AIEA, num relatório publicado esta terça-feira.

O documento sintetiza as conclusões da agência da ONU sobre as condições de funcionamento e de segurança de algumas das centrais nucleares ucranianas, ativas ou não, ameaçadas pela guerra, entre as quais a de Zaporíjia, Chernobyl, Rivne, Khmelnytskyy e Sul da Ucrânia.

Em relação à central nuclear de Zaporíjia, os peritos afirmam que, "desde abril, houve uma série de acontecimentos que comprometeram significativamente os sete pilares": integridade da estrutura, segurança, condições de trabalho, fornecimento de energia, cadeias de logística, monitorização de radiação e resposta de emergência e ainda a eficácia das comunicações com o regulador.

A equipa reporta "danos perto dos edifícios dos reatores", incluindo estragos nas estruturas de armazenamento de combustível nuclear e de desperdício radioativo sólido e no edifício onde se encontra o sistema de monitorização de radiação.

O combate também já chegou a danificar uma estação de nitrogénio-oxigénio e dois dos quatro cabos de alta tensão que ligam a central às estações de eletricidade.

Embora não tenha alcançado o nível de uma "emergência nuclear", a missão a Zaporíjia revela que o conflito nas redondezas da central "representa uma constante ameaça às suas capacidades de proteção nuclear, uma vez que funções críticas de segurança, como a contenção de radioatividade e o arrefecimento [dos reatores], poderiam ter sido afetadas".

Em relação à investigação das restantes centrais nucleares em atividade, nas regiões de Khmelnytskyy, Rivne e Sul da Ucrânia, "apesar das circunstâncias sem precedentes, têm continuado a operar com segurança desde o início do conflito".

A missão à maior central nuclear da Europa, em Zaporíjia, iniciou na passada quinta-feira e deverá permanecer no local por tempo indeterminado, apesar da presença das tropas russas.

A fábrica de Zaporíjia deixou de fornecer energia aos territórios controlados pelos ucranianos há três dias, devido a "dificuldades técnicas" apontadas pela administração municipal, nomeada pelo Kremlin.

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