07 set, 2022 - 06:13 • Manuela Pires , enviada ao Brasil
Apesar da esplanada dos ministérios, em Brasília, estar já fechada para o desfile desta quarta-feira, vários apoiantes de Bolsonaro e um trio elétrico mostram, à porta do Palácio do Itamaraty, que a campanha está nas ruas.
Os manifestantes gritam palavras de ordem de apoio a Bolsonaro e fazem muito barulho. No interior do palácio, Marcelo Rebelo de Sousa esteve reunido durante 15 minutos com Jair Bolsonaro, mas não se falou da campanha.
“Não se falou de campanha, estava um Presidente com outro Presidente e não falámos de assuntos internos”, garantiu Marcelo em declarações aos jornalistas enquanto se ouvia, em fundo, os apoiantes do Presidente e recandidato a novo mandato.
O encontro que foi marcado pelo Presidente brasileiro começou uma hora depois do previsto porque Bolsonaro chegou atrasado e deixou à espera os presidentes de Portugal, Cabo Verde e Guiné Bissau, que convidou para as comemorações do 7 de setembro.
Apesar do clima tenso que se vive no Brasil, com uma campanha eleitoral muito dura, e de Bolsonaro aproveitar este feriado, Marcelo entende que não podia faltar às comemorações e não acredita que alguém pense que está a imiscuir-se numa campanha.
“Era incompreensível que Portugal não estivesse representado ao mais alto nível. Portugal teve um domínio colonial sobre o Brasil no tempo do Império, não tem nada a ver com o que se passa na vida dos países."
"As relações entre Portugal e o Brasil são excecionais", sublinhou.
A conversa ”correu muito bem”, tendo-se falado da vida de D. Pedro e da história do Imperador que proclamou a independência do Brasil.
“Aproveitei para contar a história de D. Pedro. Um homem que, com menos de 35 anos, nasceu e morreu no mesmo quarto do Palácio de Queluz, atravessou mais do que uma vez o Atlântico, foi imperador do Brasil e rei de Portugal, venceu a guerra civil e pôs o trono nas mãos da filha, tendo morrido de tuberculose” , contou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Brasil atravessa uma das mais duras campanhas eleitorais até à ida às urnas, com a primeira volta marcada para 2 de outubro. Com Lula da Silva em vantagem em todas as sondagens, Bolsonaro usa este feriado para fazer uma demonstração de força da sua candidatura.
Esta quarta-feira, quer ter camiões e apoiantes para o desfile. A poucas horas do momento alto das comemorações, em Brasília, a imprensa brasileira conta que Bolsonaro pediu ao Exército para deixar entrar camiões na esplanada dos ministérios, mas o governador do distrito federal diz que não vai permitir o acesso.
A imprensa conta que cerca de 150 camiões devem ter acesso à esplanada. A proibição da entrada desses veículos era uma das medidas de segurança adotadas neste feriado.
Por outro lado, vários políticos querem mostrar distanciamento do atual Presidente. Por exemplo, os presidentes do Senado e do Congresso não participam no desfile. Para quinta-feira, está marcada uma sessão especial com as duas câmaras. O Presidente português é um dos convidados e vai discursar no plenário do congresso.