07 set, 2022 - 09:44 • Lusa
Um grupo de líderes indígenas em Lima, Peru, advertiu na terça-feira que 26% do ecossistema da Amazónia foi irreversivelmente destruído pela desflorestação, tráfico de drogas e contaminação.
“Para nós, anunciar que 26% da Amazónia está contaminada e destruída é muito alarmante”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o venezuelano Gregorio Mirabal, que lidera a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica, que representa 3,5 milhões de indígenas que vivem na região.
“Este é um alerta vermelho, que nos diz que, se não fizermos algo agora, não alcançaremos os objetivos de desenvolvimento de 2030 ou os dos principais acordos alcançados no COP de Glasgow“, sublinhou, numa referência à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021.
Reunidos para a 5.ª Cimeira dos Povos Indígenas, líderes e investigadores amazónicos dos nove países apresentaram um relatório que mostra que a Amazónia está num ponto sem retorno devido às elevadas taxas de desflorestação e degradação que, combinadas, representam agora 26% da região.
Os restantes 74% requerem proteção imediata, defende-se no relatório apresentado pela equipa de Mirabal.
"Os governos disseram que iriam salvar a Amazónia, mas estes números mostram que não estão a cumprir as suas promessas. A temperatura subirá dois graus se a desflorestação continuar a este ritmo.”
Segundo o venezuelano, existem cerca de 511 povos indígenas nesta parte do mundo e são faladas 500 línguas diferentes.
Outra questão discutida na cimeira foi o assassínio de defensores e líderes amazónicos, que aumentou para mais de 280 nos nove países cobertos pela floresta tropical.
“A Amazónia está a sofrer porque estamos a ser invadidos por madeireiros, companhias petrolíferas e aqueles que atacam os nossos territórios. Queremos pedir ajuda”, disse a brasileira Marciely Tupari, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazónia Brasileira, à AFP.
Os nove países amazónicos são o Peru, Brasil, Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.