15 set, 2022 - 13:23 • redação
Durante a cerimónia de investidura do Presidente reeleito de Angola, que decorreu esta manhã, junto ao Memorial Agostinho Neto, em Luanda, houve lugar para uma referência à guerra na Ucrânia. João Lourenço pede à Rússia que coloque um ponto final no conflito.
“A guerra na Ucrânia provocou já um elevado número de mortos, de feridos, de refugiados e uma grande destruição do património e de infraestruturas, com implicações na paz e na economia mundial", afirmou o Presidente reeleito, salientando que "a República de Angola tem sempre defendido a importância do recurso ao diálogo e a resolução pacífica dos conflitos, primando pelo respeito inequívoco do direito internacional".
João Lourenço apelou ainda às autoridades russas para que coloquem um ponto final na guerra.
"Nesta conformidade, e tendo em conta a necessidade de se evitar o escalar do conflito, consideramos importante que as autoridades russas tomem a iniciativa de pôr fim ao conflito, criando assim um melhor ambiente para se negociar uma nova arquitetura de paz para a Europa e abrir o caminho para a tão almejada e necessária reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas".
O apelo ganha especial relevo uma vez que são conhecidas as ligações políticas entre Angola e Rússia.
Líder da UNITA mantém a contestação do resultado d(...)
João Lourenço tomou posse esta
quinta-feira, dando início ao seu segundo mandato, perante 12 chefes de
Estado e dezenas de outros representantes, mas sem a presença do
principal líder da oposição, que contestou os resultados.
O Presidente eleito passou revista às tropas, em parada, seguindo-se o juramento à Nação e assinatura do termo de posse e respetivos termos individuais.
João Lourenço proferiu depois o discurso à Nação, seguindo-se o
desfile dos três ramos das Forças Armadas Angolanas, e o hino nacional,
executado pela banda de música da Guarda de Honra presidencial.
O chefe de Estado de Angola prometeu hoje "ser o Presidente de todos os angolanos" e promover o desenvolvimento económico e o bem-estar da população, ao discursar na cerimónia da sua posse.
"Ao assumir, por mandato do povo soberano, as funções de Presidente da República de Angola, declaro por minha honra respeitar a Constituição e a Lei, ser o Presidente de todos os angolanos e governar em prol do desenvolvimento económico e social do país e do bem-estar de todos os angolanos", disse o chefe de Estado perante uma multidão em Luanda.
João Lourenço felicitou o povo angolano, que considerou "o real e verdadeiro grande vencedor" das eleições de 24 de agosto, que lembrou já serem consideradas "as mais disputadas eleições gerais da história da jovem democracia angolana".
Elogiou os angolanos por fazerem "as melhores opções" e escolherem "com muita responsabilidade o futuro do seu país"
"Ao elegerem o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] e o seu candidato, apostaram na continuidade como forma segura de garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico e social do país", afirmou, felicitando também todos os partidos e coligações pela sua participação nas eleições, "o que contribuiu para o fortalecimento da nossa democracia".
Sobre o seu segundo mandato, que agora começa, o Presidente prometeu dedicar todas as suas forças e atenção à "busca permanente das melhores soluções para os principais problemas do país, a começar pelo setor social e pelo bem-estar da população.
"Continuaremos a investir no ser humano como principal agente do desenvolvimento, na sua educação e formação, nos cuidados de saúde, na habitação condigna, no acesso à água potável e energia elétrica, no saneamento básico", disse.
E prometeu também incentivar e promover o setor privado da economia, "para aumentar a oferta de bens e serviços de produção nacional, aumentar as exportações e criar cada vez mais postos de trabalho para os angolanos, sobretudo para os mais jovens".
O Presidente reeleito insistiu ainda na questão da prevenção e combate contra a corrupção e a impunidade, "que ainda prevalece".
"Vamos todos trabalhar na educação das pessoas para a necessidade da mudança de paradigma, de vícios, más práticas e maus comportamentos instalados e enraizados há anos", afirmou.
O
maior partido da oposição, a UNITA, interpôs na terça-feira junto do
Tribunal Constitucional (TC) um recurso extraordinário de
inconstitucionalidade contra a decisão de rejeitar o seu recurso de
contencioso eleitoral, com efeitos suspensivos da mesma.
A
oposição angolana admitiu convocar manifestações para mostrar
descontentamento face aos resultados eleitorais oficiais, mas ainda
nenhum protesto foi agendado pelos partidos.
Efetivos das forças
de defesa e segurança marcam presença considerável nas principais ruas e
avenidas de Luanda, exibindo a artilharia e vários meios militares, em
cumprimento do “estado de prontidão combativa”.
O TC proclamou o MPLA e o seu candidato, João Lourenço, como vencedores com 51,17% dos votos, seguido da UNITA, com 43,95%.
Com
estes resultados, o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA 90 deputados,
quase o dobro das eleições de 2017. Perante os resultados eleitorais, o
MPLA deve indicar igualmente dois vice-presidentes e dois secretários de
mesa da Assembleia Nacional e na mesma proporção a UNITA. Os deputados
eleitos serão investidos na sexta-feira.