20 set, 2022 - 20:36 • Lusa
O avião que transporta o chefe da diplomacia da Rússia para Nova Iorque, onde participará na Assembleia Geral da ONU, terá de evitar o espaço aéreo dos países que o encerraram aos aviões russos devido à guerra na Ucrânia.
"A rota não tem escalas e voará a contornar o espaço aéreo encerrado por países inamistosos" estando previsto que o voo se prolongue por doze horas e meia, disse esta terça-feira Serguei Ryabkov, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo e 'número dois' de Serguei Lavrov, citado pela agência noticiosa da Rússia, TASS.
Os aviões russos estão impedidos de sobrevoar o espaço aéreo da União Europeia (UE), bem como o de outros países não comunitários, como o Reino Unido, Noruega ou Suíça, além do Canadá e dos próprios Estados Unidos.
O percurso que o avião de Lavrov irá fazer não foi adiantado.
Para os Estados Unidos, porém, Lavrov e respetiva delegação receberam vistos necessários para entrar no país, mas apenas para participar na reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde o chefe da diplomacia russa fará uma intervenção e terá cerca de duas dezenas de reuniões bilaterais, afirmou na semana passada a porta-voz do Ministério dos Negócios estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Na ocasião, a "questão logística" relacionada com a ida de Lavrov aos Estados Unidos estava ainda por tratar.
Esta terça-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, indicou que Lavrov defenderá, na intervenção na Assembleia Geral da ONU, a posição de Moscovo para que se ponha "fim ao mundo unipolar".
Guerra na Ucrânia
Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional d(...)
Depois de receber as cartas credenciais de embaixadores estrangeiros, em Moscovo, Putin prometeu manter a "política externa soberana" russa e acusou os Estados Unidos de quererem impor a "hegemonia" na Assembleia Geral da ONU.
Embora tenha enviado Lavrov a Nova Iorque, Putin não planeia fazer nenhum discurso na Assembleia Geral deste ano, já que a intervenção russa na Ucrânia tem sido amplamente condenada por todo o mundo.
"O desenvolvimento da multipolaridade enfrenta a resistência daqueles que se esforçam por manter um papel hegemónico nos assuntos mundiais e controlar tudo: a América Latina, a Europa, a Ásia e a África. [...] Mas isso não pode continuar para sempre. É impossível", afirmou Putin.
"Nós, na Rússia, não vamos descartar o nosso percurso soberano. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, queremos promover uma agenda internacional unificadora [...] e contribuir para o regulamento de graves crises regionais", adiantou.
A semana de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou na terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.
Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia.
O evento decorre sob o tema "Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados", e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.