23 set, 2022 - 12:05 • Redação com agências
A Comissão independente da ONU encontrou provas de crimes de guerra, execuções, tortura e violações por parte das forças russas desde a invasão à Ucrânia, a 24 de fevereiro. Até agora, as Nações Unidas falavam sempre "em suspeitas".
As conclusões foram apresentadas, esta sexta-feira, pelo juiz norueguês Erik Mose, presidente da comissão internacional de inquérito lançada em março pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH).
Os investigadores deslocaram-se a Kiev, Cherniguiv, Kharkiv e Sumy, visitando no total 27 cidades e vilas e entrevistando mais de 150 pessoas.
“Com base nas provas recolhidas pela Comissão, concluiu que foram cometidos crimes de guerra na Ucrânia”, afirmou.
No discurso perante o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Mose avançou que os russos usaram armas explosivas de forma generalizada, bombardearam alvos civis indiscriminadamente, levaram a cabo execuções, torturas e violência sexual.
“Ficámos impressionados com o grande número de execuções nas áreas que visitámos. Recebemos alegações credíveis de muitos outros casos que estamos a documentar”, acrescentou.
Segundo a descrição, há elementos comuns nestes crimes que “incluem a detenção prévia das vítimas, sinais visíveis de execução nos corpos, mãos atadas atrás das costas, tiros na cabeça e gargantas cortadas.”
Nos casos de tortura, os investigadores descobriram situações de espancamentos, choques elétricos, nudez forçada e detenção em prisões. Há também relatos de crimes sexuais contra mulheres e crianças por parte dos militares russos, com os familiares das vítimas a serem forçados a assistir.
Nas situações investigadas pela comissão, a idade das vítimas de violência sexual variou entre quatro e os 82 anos.
O responsável revelou também que a comissão tinha analisado dois casos de maus-tratos infligidos a soldados russos pelas forças ucranianas.
“Embora poucos, estes casos também foram objeto da nossa atenção”, afirmou Erik Mose.
Ao que tudo indica, as forças russas deportaram à força até 1,6 milhões de ucranianos, revelou ainda a embaixadora norte-americana para o Conselho dos Direitos Humanos da ONU.