26 set, 2022 - 12:26 • Filipa Ribeiro , Cristina Nascimento
A Itália liderada por Giorgia Meloni não vai “aceitar em silencia” o domínio franco-alemão na União Europeia. É o que antecipa Riccardo Marchi, professor e investigador do ISCTE e especialista em direitas radicais, numa análise sobre os resultados das eleições gerais de domingo em Itália.
Riccardo Marchi acredita que a nova primeira-ministra manterá a mesma linha de ideias do Governo anterior, com críticas à globalização da economia europeia, mas reconhece que a nova primeira-ministra irá tentar impor a voz da Itália, por exemplo, nas questões migratórias.
“Giorgia Meloni tem uma postura muito mais soberanista, de querer fazer pesar Itália mais na mesa das negociações a nível europeu, não aceitar em silêncio a dominação franco-alemã na Europa, principalmente em temas delicados, como as políticas migratórias, onde a Itália, apesar dos fundos europeus recebidos, foi sempre mantida sozinha a resolver este problema da frente sul da fronteira europeia”, explica.
Segundo os mais recentes dados, a coligação de centro direita liderada pela presidente do partido Irmãos de Itália conseguiu cerca de 44% dos votos, enquanto que a coligação de centro esquerda conseguiu 26%.
Riccardo Marchi lembra que os resultados “mostraram uma situação inédita”.
“Os resultados eleitorais de facto mostraram uma situação totalmente inédita, não tanto pela quantidade de votos que o centro-direita consegue alcançar, porque mais ou menos pelas primeiras previsões, não é um aumento exponencial de votos do centro-direita, mas porque que os equilíbrios de forças internas ao centro-direita mudam radicalmente”, diz.
Marchi explica que, “entre os partidos de direita, Irmãos de Itália e Liga, há uma inversão total de tendência, a Liga cai abruptamente e Irmãos de Itália sobe a uma percentagem eleitoral que nunca tinha alcançado até agora e muito superior ao que é tradição da direita radical italiana”.
Nestas declarações à Renascença, o professor Riccardo Marchi diz ainda que é esperado que, nos próximos anos, a direita continue a ganhar força na Europa.