27 set, 2022 - 04:45 • Lusa
A fruta do outono na Europa, a portuguesa incluída, está "altamente contaminada" com pesticidas perigosos, indica um relatório da organização não-governamental "Pesticides Action Network Europe" (PAN Europa), divulgado esta terça-feira.
Com base em dados oficiais, o relatório indica que grande parte de peras europeias (49%), uvas de mesa (44%), maçãs (34%), ameixas (29%) e framboesas (25%) foram vendidas com resíduos de pesticidas ligados ao aumento do risco de cancro, deformidades congénitas, doenças cardíacas e outros problemas graves de saúde.
A organização nota mesmo que a maior parte dos pesticidas em causa é uma ameaça ainda que em doses muito baixas.
Do documento, intitulado "Pesticide Paradise", salienta-se que as peras portuguesas eram das mais contaminadas (68%), atrás das belgas (71%) e neerlandesas (70%). Entre as menos contaminadas estavam as romenas, letãs e suecas.
Em relação às maçãs, eram as neerlandesas as mais contaminadas, quase três quartos (71%), seguidas das gregas (54%). No caso das maçãs portuguesas, metade delas (50%) estavam contaminadas. Sem pesticidas estavam as norueguesas, eslovenas e suecas.
No caso das framboesas, Portugal estava bem melhor posicionado do que o pior classificado, a Noruega, com 61% de contaminação. O valor para as framboesas portuguesas era de 11%.
Ainda de acordo com os dados da PAN Europa quase metade das ameixas húngaras e gregas estavam contaminadas, enquanto as uvas gregas e italianas eram as mais poluídas (56% e 47% respetivamente). Sobre Portugal, em relação a estes frutos, faltaram dados para uma "visão geral fiável da possível contaminação".
A PAN Europa analisou 44.137 amostras de frutas frescas testadas pelos governos entre 2011 e 2020 e concluiu que a situação em relação aos pesticidas se agravou, e que a contaminação de maçãs, peras e ameixas quase duplicou desde 2011, aumentando 110%, 107% e 81%, respetivamente.
Em 2020, um terço (33%) de todos os frutos testados estavam contaminados, quando em 2011 o valor não ia além de 20%.
No documento lembra-se que a União Europeia aprovou duas leis em 2009, para eliminar gradualmente os pesticidas mais tóxicos e levar os agricultores a usarem alternativas, e acrescenta-se que a "eliminação progressiva dos pesticidas falhou" porque os governos seguem diretrizes que foram escritas em parceria com as grandes empresas químicas, que "conseguem o oposto do que a lei pretendia", promovendo os pesticidas dessas empresas.