27 set, 2022 - 18:00 • Lusa
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, afirmou hoje que os "referendos fictícios" nos territórios ucranianos controlados pela Rússia são "ilegais" e que constituem uma "violação flagrante do direito internacional".
Numa publicação na rede social Twitter, e após uma reunião com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Stoltenberg reiterou a Kiev o apoio dos aliados ao direito à autodefesa da Ucrânia.
"Os referendos fictícios organizados pela Rússia não têm legitimidade e são uma violação flagrante do direito internacional. Essas terras pertencem à Ucrânia", sublinhou o secretário-geral da NATO.
As autoridades pró-russas das quatro regiões ucranianas controladas pela Rússia reivindicaram hoje que o "sim" lidera na contagem dos votos, segundo os resultados preliminares do referendo de anexação denunciado pela comunidade internacional, indicaram três agências de notícias russas.
Segundo as agências Ria Novosti, Tass e Interfax, as autoridades de cada uma das quatro regiões ucranianas afirmaram que o "sim" conquistou entre 97 e 98 por cento dos votos, quando estão contados entre 20% a 27% dos boletins.
Em Kiev, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, afirmou já que os resultados dos quatro "referendos" orquestrados por Moscovo "não mudarão" as ações da Ucrânia face ao exército russo.
As consultas populares decorreram entre 23 e 27 de(...)
"Isso [resultados dos referendos] não mudará nada na nossa política, na nossa diplomacia e nas nossas ações no campo militar", frisou Kouleba, numa conferência de imprensa em Kiev, ladeado pela homóloga francesa, Catherine Colonna.
Os referendos sobre a adesão à Federação russa dos territórios ucranianos ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson terminaram hoje, segundo as autoridades pró-russas, mas serão objeto de discussão numa reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Ucrânia e a comunidade internacional afirmaram que não reconhecerão os resultados e a validade dos referendos.
Em 2014, a Rússia usou o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.