29 set, 2022 - 11:11 • Lusa
O Japão declarou esta quinta-feira que espera desenvolver laços “construtivos e estáveis” com a China, no cinquentenário da normalização das relações diplomáticas entre os dois países vizinhos, que são frequentemente abaladas por disputas territoriais e geopolíticas.
O Japão teme o crescente poder militar e as ambições regionais da China, enquanto Pequim vê o país vizinho como um Estado alinhado com os objectivos da política externa dos Estados Unidos de conter as ambições chinesas.
Não houve nenhuma grande cerimónia oficial para marcar os 50 anos das relações, mas mensagens do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e do presidente chinês, Xi Jinping, foram lidas num evento apoiado pelo governo japonês e pela embaixada chinesa em Tóquio, mas na ausência dos dois líderes.
“Gostaria de criar laços sino-japoneses construtivos e estáveis, para a paz e prosperidade das nossas duas nações, mas também para toda a região e para o mundo inteiro.”
O primeiro-ministro japonês reconheceu que, apesar de as relações com a China “terem muito potencial”, também enfrentam “muitos desafios”.
Xi Jinping disse que os laços com o Japão são de "grande importância" para o seu país e que vê neste cinquentenário uma "oportunidade" para melhorá-los.
Os dois países devem "trabalhar em conjunto para construir um relacionamento China -Japão de acordo com as exigências dos novos tempos”, apontou Xi na sua mensagem.
China e Japão, a segunda e terceira maiores economias do mundo, respetivamente, são importantes parceiros comerciais.
Em 2019, os laços diplomáticos pareciam estar a melhorar. Xi Jinping tinha planeado realizar uma visita de Estado ao Japão, mas foi adiada indefinidamente, devido à pandemia da covid-19.
As relações voltaram a deteriorar-se, face a ressentimentos históricos causados pelos abusos do exército japonês na China, na primeira metade do século XX, e disputas territoriais.
No início de agosto, com a escalada das tensões sino-americanas sobre Taiwan, mísseis chineses caíram na zona económica exclusiva do Japão, o que motivou fortes protestos por parte de Tóquio.
A atividade chinesa também se intensificou em torno de ilhotas desabitadas no Mar do Leste da China, chamadas Senkaku por Tóquio, que as administra, e Diaoyu por Pequim, que reivindica a sua soberania.
A invasão russa da Ucrânia desde fevereiro também aumentou a distância entre o Japão, que apoia o campo ocidental, e Pequim, que reafirmou a sua parceria com Moscovo e recusou condenar o ataque.