20 set, 2022 - 08:10 • Redação
Milhares de pessoas reuniram-se em Tóquio para protestar contra o plano do Governo japonês de realizar um funeral de Estado no valor de 1,2 mil milhões de ienes – mais de 12 milhões de euros – para o antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em julho.
Logo depois do assassínio de Abe, durante um comício eleitoral, em Nara, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, anunciou a intenção de organizar cerimónias fúnebres de Estado. Contudo, tal homenagem a um antigo primeiro-ministro é rara no Japão desde o período do pós-guerra.
A estimativa inicial era de 1,7 milhões de euros, mas esse valor subiu para 12 milhões de euros, um montante considerado excessivo pelos críticos da cerimónia, tendo em conta as dificuldades que muitos japoneses enfrentam devido à inflação, à desvalorização do iene e ao abrandamento da economia.
O valor, muito superior ao inicialmente previsto e que, é justificado pelo Estado com as despesas com segurança e acolhimento dos representantes de mais de 190 países, incluindo cerca de 50 chefes de Estado.
O governo espera que dezenas de atuais e antigos chefes de Estado prestem a sua homenagem no serviço de 27 de setembro, que terá lugar no Nippon Budokan, no centro de Tóquio, e contará com cerca de 6.400 participantes.
Os manifestantes opõem-se ao financiamento público da cerimónia e criticam o que dizem ser a glorificação de Abe, que era uma figura política controversa no Japão, com mandatos manchados por escândalos políticos e financeiros. Tendo cumprido dois mandatos durante um período combinado de oito anos e oito meses, Abe foi o primeiro-ministro mais antigo do Japão na era pós-guerra. No campo da diplomacia, tinha reforçado a aliança EUA-Japão e ajudado à recuperação económica do país após o grande terramoto do Japão Oriental em 2011.
De acordo com uma sondagem, publicada no início de setembro pelo diário conservador Yomiuri, 56% dos inquiridos eram contra o funeral de Estado.
Foram instaurados vários processos em todo o país, numa tentativa de impedir o governo de realizar o funeral do estado de Abe, alegando que vai contra as proteções constitucionais relativas à liberdade de pensamento e consciência.