03 out, 2022 - 10:00 • Sérgio Costa , enviado especial ao Brasil
Há quatro anos, na primeira disputa, o atual Presidente obteve pouco mais de 49 milhões de votos. Este domingo, Jair Bolsonaro viu esse valor reforçado em mais de um milhão de votos.
Os resultados fazem antever para Lula, o vencedor sem maioria, um duelo mais complexo do que o esperado, num segundo turno marcado para 30 de outubro.
Mas o grande derrotado destas eleições são as sondagens. Nos estudos de opinião, Bolsonaro nunca ultrapassou os 37%, mas a realidade (43%) desmentiu as pesquisas.
O voto envergonhado pode justificar o erro, mas as sondagens não foram capazes de prever a força do Presidente que, com os resultados da primeira volta, ganha novos argumentos e reforça a rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula.
O desafio de Lula torna-se mais difícil depois de Ciro Gomes não lhe ter declarado apoio para a segunda volta, e a dúvida persiste sobre onde vão recair os 3% de votos de um candidato que atacou ferozmente os dois homens que polarizam o Brasil.
A chave para o resultado de 30 de outubro poderá estar ainda nos quase 5 milhões de votantes em Simone Tebet que, por seu lado, ficou aquém das expectativas.
As sondagens admitiam 8%, mas a candidata do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi pouco além dos 4%. Este quadro traduzirá a confirmação da falência do centro e de uma política mais moderada no Brasil, uma tendência que teve início há quatro anos com a eleição de Bolsonaro. Tebet pretendia desenhar um futuro mais moderado na política brasileira, mas terá ficado pelo esboço
As más notícias para Lula poderão não ficar por aqui. Se vencer na segunda volta, e Lula permanece ainda como favorito, poderá ficar de mãos atadas porque, no Senado e no Congresso, o Bolsonarismo já tem lugar marcado.