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Eleições no Brasil

Bolsonaro, o Presidente que não queria aceitar a derrota, ganha mais 30 dias de campanha

02 out, 2022 - 22:34 • Joana Azevedo Viana

Sondagens chegaram a prever a vitória de Lula da Silva à primeira volta, mas o eleitorado trocou-lhes as voltas. Com menos 5% de votos que o rival de esquerda, o ultranacionalista com apoiantes de peso tem nova oportunidade de disputar a presidência a 30 de outubro.

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Um internauta contava esta semana no Facebook, a poucos dias das eleições presidenciais no Brasil, que decidiu abandonar o país quando em 2018 ouviu um jardineiro em São Paulo cantar: "É melhor Jair se acostumando..."

Quatro anos depois, o Brasil não se acostumou totalmente a Jair Bolsonaro. Pelo menos não o suficiente para o reeleger. Perdeu para Lula da Silva, o 'petista' que foi Presidente entre 2003 e 2010, que esteve preso e que renasceu das cinzas para conquistar a maioria dos votos este domingo -- ainda que não os suficientes para evitar um segundo turno.

Pela 1h da madrugada desta segunda-feira, contabilizada a quase totalidade dos votos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicava a mensagem "Eleição matematicamente definida (Segundo turno)". Cerca de 20 minutos depois, Lula celebrava a vitória com a promessa de vencer à segunda.

Bolsonaro só reagiria cerca de duas horas depois, declarando aos jornalistas que venceu "a mentira" de que Lula iria vencer à primeira com 51% dos votos. Sobre se vai aceitar os resultados desta primeira volta, respondeu: "Vou aguardar o parecer das forças armadas."

Ex-militar e confesso admirador da ditadura brasileira, Bolsonaro diz que começou a interessar-se pelo Exército aos 14 anos, embora já então apontasse a mira à presidência. Ao chegar a capitão, trocou as forças armadas pela política e ingressou no Partido Social Liberal (PSL).

Enquanto deputado federal, quase um terço dos 190 projetos-lei que apresentou estiveram relacionados com as forças armadas e 25% com segurança pública. Nos 27 anos que representou eleitores no Congresso, viu dois deles serem aprovados.

Foi pelo PSL, do qual viria a desvincular-se em finais de 2019, que foi eleito Presidente do Brasil há quatro anos. Católico devoto, decidiu rebatizar-se evangélico, um segmento do eleitorado brasileiro com peso e que continua a apoiá-lo em bloco. O seu slogan de campanha: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos."

Lula e Bolsonaro. Os argumentos repetem-se, mas os problemas do país ficam à margem
Lula e Bolsonaro. Os argumentos repetem-se, mas os problemas do país ficam à margem

Ao longo deste mandato, o ultranacionalista fez-se representante dos setores mais conservadores da sociedade brasileira e dos eleitores mais velhos e saudosos dos tempos da ditadura militar, com um discurso marcadamento misógino, homofóbico e racista.

Também angariou várias críticas pela forma como geriu a pandemia de Covid-19; o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes -- à data mais de 686 mil pessoas. Um comité do Senado acusou-o de "crimes contra a humanidade" pelo seu negacionismo e por incitar à infração das medidas sanitárias impostas para conter a propagação do coronavírus. Em junho de 2020, um tribunal de Brasília ordenou ao Presidente que usasse máscara em espaços públicos, sob pena de pagar multa.

Apologista da tortura, no primeiro ano enquanto Presidente homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, "o pavor de Dilma Rousseff" como lhe chamou, em referência à antecessora; um mês depois, aconsellhou alunos de uma escola que visitava a lerem a obra do militar torturador.

Em plena campanha para a reeleição, propôs que militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) fossem fuzilados. Três dias antes da ida às urnas, ganhou em Neymar um dos seus apoiantes mais famosos.

A campanha fê-la sobretudo nas redes sociais, onde foi questionando a transparência e o funcionamento do sistema de voto no Brasil, até o Tribunal Superior Eleitoral ordernar a retirada de um vídeo falso sobre o assunto. Fê-la também com promessas de disputar os resultados caso saísse derrotado.

As sondagens chegaram a prever que a derrota seria firmada já este domingo. Mas, afinal, houve quem se habituasse ao Presidente Bolsonaro, que parte perdedor para a segunda volta contra Lula.

[atualizado às 3h com um excerto da reação do Presidente Jair Bolsonaro aos resultados eleitorais]

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  • Agatha
    07 out, 2022 Lisboa 08:27
    Bom... Pelo que li aqui os argumentos levantados contra o Presidente Bolsonaro não são verdadeiros. Quando a reportagem diz "com um discurso marcadamento misógino, homofóbico e racista" o jornalista faltou com a verdade. Talvez por conta da origem da informação, mas, com toda certeza, deixou de ir mais à fundo neste tema. Em relação à pandemia, uma fatalidade mundial, se observar o número de mortes por 100mil habitantes, verás que outros países tiveram um desempenho em relação às tratativas contra o "corongachina" muito piores. Um dos pontos que Bolsonaro apoiou foi o tratamento precoce. Não faz sentido algum alguém ir ao hospital depois de estar já na fase avançada da doença. Diversos estudos e casos, inclusive com secretários de Estado, fizeram o tratamento precoce com resultados fantásticos. Fato é que a prórpia OMS reconhece hoje alguns absurdos deste passado recente (e trágico). Outro tema controverso está relacionado ao período da ditatura militar. Dilma, Lula, Fernando Henrique entro outros personagens da política brasileira nunca lutaram contra a ditadura, tão pouco lutaram a favor do povo brasileiro ou pela liberdade. Nunca. O que queriam mesmo era implantar à força o comunismo. Acho que faltou um pouco mais de pesquisa por parte do jornalista. Reforço que apenas ler notícias do Brasil para reproduzir cá com este baixo nível de conhecimento é triste de ler, visto que a Renascença tem lá seus 85 anos de história pautados na verdade dos fatos e não em opiniões rasas.

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