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Gâmbia

​OMS alerta sobre xaropes para a tosse devido a suspeita de ligação na morte de crianças

06 out, 2022 - 09:44 • Marta Pedreira Mixão

Organização diz que frascos contaminados podem também ter sido distribuídos fora do país da África Ocidental, sendo "possível" uma exposição global.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre quatro xaropes para a tosse e constipação, fabricados pela Maiden Pharmaceuticals na Índia, uma vez que a análise laboratorial de amostras "confirma que contêm quantidades inaceitáveis de dietilenoglicol [éter de glicol] e etilenoglicol como contaminantes", que são substâncias tóxicas para os seres humanos e podem ser fatais. Suspeita-se de que os xaropes possam estar ligados à morte de 66 crianças na Gâmbia.

A agência de saúde alertou também que os medicamentos contaminados podem ter sido distribuídos fora do país da África Ocidental, sendo "possível" a exposição global.

Segundo a publicação britânica, The Guardian, Tedros Adhanom Ghebreyesus considerou que os quatro xaropes "têm sido potencialmente ligados a lesões renais agudas e 66 mortes em crianças". "A perda destas jovens vidas é mais do que desoladora para as suas famílias", acrescentou.

Tedros disse ainda que a organização estava também "a conduzir mais investigações com a empresa e as autoridades reguladoras na Índia".

De acordo com o alerta emitido pela OMS, na quarta-feira, os quatro produtos são "Promethazine Oral Solution", "Kofexmalin Baby Cough Syrup", "Makoff Baby Cough Syrup" e "Magrip N Cold Syrup".

Na quinta-feira, as autoridades da Gâmbia começaram a recolher os xaropes em vários locais. As autoridades sanitárias já tinham ordenado, a 23 de setembro, a retirada de todos os medicamentos que continham estes componentes.

Na Gâmbia, o mês de julho foi marcado por grandes inundações, causando o transbordo de esgotos, e uma investigação do Ministério da Saúde da Gâmbia, iniciada nesse mês e ainda em curso, também citou a bactéria E. coli como uma possível causa do surto de insuficiência renal aguda.

"Desde julho de 2022, tem havido um aumento do número de doenças renais graves com elevada mortalidade entre as crianças, principalmente na sequência de doenças diarreicas", afirmou o ministério em setembro.

Medicamentos contaminados na Gâmbia

Contudo, Abubacarr Jagne, nefrologista que lidera a investigação do Ministério da Saúde, afirmou, em declarações à AFP, que "os resultados preliminares da investigação em curso indicam que foram, muito provavelmente, o paracetamol e os xaropes de prometazina que causaram os casos de lesão renal aguda neste surto".

Apesar de ter sido detetada E. coli em muitas crianças, várias também tinham tomado xarope de paracetamol.

Segundo o alerta da OMS, "até à data, o fabricante declarado não deu garantias à OMS sobre a segurança e qualidade destes produto” e a análise laboratorial de amostras dos produtos "confirma que contêm quantidades inaceitáveis de dietilenoglicol [éter de glicol] e etilenoglicol como contaminantes".

Estas substâncias, utilizadas em produtos como anticongelantes para automóveis, são tóxicas para os seres humanos e podem ser fatais, afirmou a OMS, acrescentando que o efeito tóxico "pode incluir dor abdominal, vómitos, diarreia, incapacidade de urinar, dor de cabeça, alteração do estado mental e lesões renais agudas que podem levar à morte".

Abordada pela agência Reuters, a Maiden Pharma recusou-se a comentar. E, segundo a publicação, a Índia está à espera de provas da OMS de uma ligação entre o xarope para a tosse e a morte de dezenas de crianças.

A OMS afirmou que a informação recebida da Organização Central de Controlo de Medicamentos da Índia indicou que o fabricante apenas tinha fornecido os medicamentos contaminados à Gâmbia. "Contudo, o fornecimento destes produtos através de mercados informais ou não regulamentados a outros países em África, não pode ser excluído", explicou a OMS.

"Além disso, o fabricante pode ter utilizado o mesmo material contaminado noutros produtos e tê-los distribuído localmente ou exportado", avisou a agência, considerando por isso que, "a exposição global é, portanto, possível".

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