11 out, 2022 - 13:58 • Lusa
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, vai reunir-se com seu homólogo russo, Vladimir Putin, na quarta-feira em Astana, à margem de uma cimeira regional na capital do Cazaquistão, disse nesta terça-feira um responsável turco à agência de notícias AFP.
A Turquia, que mantém uma posição neutra desde o início da invasão russa na Ucrânia, já se havia oferecido para mediar a abertura das negociações entre Kiev e Moscovo.
Erdogan - que ainda não comentou os ataques russos a várias cidades na Ucrânia na segunda-feira que deixaram pelo menos 19 mortos e cerca de 100 feridos - disse que a abordagem "equilibrada" de Ancara nesse conflito está a ser apreciada pelos Ocidentais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, manteve uma entrevista por telefone com autoridades russas na segunda-feira, após os últimos ataques russos, disse uma fonte diplomática turca.
Os presidentes turco e russo já se tinham reunido à margem de uma cimeira regional no Uzbequistão no mês passado.
Erdogan tem a esperança de promover negociações de paz entre Vladimir Putin e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que são consideradas essenciais pelas autoridades turcas.
Embora seja membro da NATO, a Turquia não aderiu às sanções ocidentais contra a Rússia. Erdogan, que enfrenta uma situação económica difícil antes das eleições marcadas para junho, deseja manter e desenvolver o comércio com Moscovo.
No entanto, sob pressão dos Estados Unidos, Ancara anunciou no mês passado que os últimos três bancos turcos que ainda aceitavam cartões bancários russos decidiram encerrar as parcerias.
A decisão seguiu semanas de alertas cada vez mais urgentes de Washington, instando a Turquia a limitar as suas relações económicas com a Rússia, ou corre o risco de ser sujeita a sanções.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus - de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.