13 out, 2022 - 23:41 • Lusa
O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, acusou esta quinta-feira os Estados Unidos de tentarem desestabilizar o país, que há quase um mês encara manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini.
"Washington e os seus aliados estão a recorrer a uma política de desestabilização condenada ao fracasso", declarou o ultraconservador Raisi.
A morte a 16 de setembro da jovem de 22 anos provocou a maior onda protestos e violência no Irão desde as manifestações de 2019 contra o aumento do preço dos combustíveis.
Amini havia sido detida três dias antes pela "polícia da moralidade" de Teerão por ter, segundo as autoridades, violado o rígido código de vestuário para as mulheres na República Islâmica, incluindo o uso do véu.
Desde então, jovens mulheres, estudantes e alunas estão na vanguarda dos protestos, nos quais cantam 'slogans' antigovernamentais, incendeiam véus e entram em confronto com as forças de segurança.
O movimento de protesto originou comícios de solidariedade no estrangeiro, bem com sanções internacionais contra autoridades instituições iranianas acusadas de envolvimento na repressão.
O Canadá anunciou uma nova ronda de sanções em resposta às "violações sistemáticas de direitos humanos" no Irão.
Referindo-se também às manifestações desencadeadas(...)
Por seu lado, os Estados Unidos disseram que estavam concentrados "em responsabilizar o regime pelo que está a fazer com manifestantes inocentes".
De acordo com organizações não governamentais (ONG), mais de 100 pessoas foram mortas no Irão desde 16 de setembro.
A cidade de Zehedan (sudeste) também foi afetada pela violência em 30 de setembro durante protestos contra a alegada violação sexual de uma jovem por um polícia, que fez pelo menos 94 mortos, segundo ONG.
Para lidar com a situação, as autoridades iranianas bloquearam o acesso às redes sociais, em especial ao Instagram e ao WhatsApp.
Os juízes foram instruídos a não proferir sentenças "fracas" contra os "principais elementos dos distúrbios", segundo o 'site' de informação judicial.
No Irão, o diário reformista Etemad pediu às autoridades que ponham fim às prisões realizadas "às vezes sobre falsos pretextos" e denunciou detenções de jornalistas.