18 out, 2022 - 09:28 • Joana Azevedo Viana
As forças russas voltaram esta terça-feira a atacar Kiev e outras cidades da Ucrânia, atingindo centrais elétricas e depósitos de água, com recurso a mísseis e possivelmente a drones explosivos.
Segundo o porta-voz do Presidente ucraniano, Kyrylo Tymoshenko, na capital ucraniana foram sentidas pelo menos três explosões esta manhã. Em Dnipro, no centro do país, duas infraestruturas ficaram seriamente danificadas. Em Zhytomyr, a oeste de Kiev, os ataques levaram a cortes no fornecimento de energia e de água.
Os ataques desta manhã têm lugar um dia depois de a Rússia ter lançado uma série de ataques contra Kiev com recurso a drones "kamikaze", que se julga terem sido produzidos e fornecidos pelo Irão. Esses ataques provocaram pelo menos oito mortos em Kiev e em Sumy, no norte, para além de terem danificado várias infraestruturas fulcrais, deixando centenas de vilas e aldeias do país sem luz.
No rescaldo dos bombardeamentos, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou os russos de continuarem "a fazer aquilo que melhor fazem: aterrorizar e matar civis".
De acordo com o chefe de Estado numa publicação no Twitter, nos últimos oito dias 30% das infraestruturas energéticas foram destruídas pelos russos, causando falhas massivas de luz um pouco por todo o país.
Não é claro se os mesmos drones "kamikaze" foram usados nos ataques desta manhã. Segundo Tymoshenko, um míssil terra-ar S-300 foi lançado contra um edifício de habitação na cidade de Mykolaiv durante a madrugada, provocando um morto. O mercado de flores da cidade também ficou destruído nesse ataque.
Ao longo da manhã, as forças russas lançaram ainda ataques contra Kharkiv e Zaporíjia, sem registo imediato de mortos nem feridos.
Face ao uso de drones iranianos, EUA, Reino Unido e França já acusaram o Irão de violar a resolução do Conselho de Segurança da ONU ligada ao acordo nuclear alcançado com o P5+1, que proíbe a exportação de determinadas tecnologias militares. A UE disse, por sua vez, que está a recolher provas e que está "pronta a agir".
Em paralelo, na segunda-feira a Rússia e a Ucrânia concretizaram uma das maiores trocas de prisioneiros já registada desde o início da guerra, no final de fevereiro.
De acordo com as autoridades dos dois lados, a Rússia entregou 108 mulheres ucranianas feitas prisioneiras de guerra em troca de 110 russos capturados pela Ucrânia desde o início da invasão russa.
Das mulheres ontem libertadas, 37 estariam nas mãos dos russos desde maio, altura em que se renderam às forças russas durante o cerco à fábrica de ferro de Azovstal.
Já a maioria dos russos libertados são marinheiros de navios mercantes capturados pela Ucrânia, para além de elementos de unidades militarizadas separatistas pró-Rússia do Donbass.
[atualizado às 11h20]