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Elnaz Rekabi, atleta do Irão que desafiou regime e competiu sem o "hijab", está desaparecida

18 out, 2022 - 11:52 • Joana Azevedo Viana

Aumentam os receios quanto à segurança da alpinista. Fontes dizem que foi levada mais cedo de volta para Teerão, para autoridades "fintarem" os manifestantes que continuam mobilizados desde a morte da jovem Mahsa Amini.

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Estão a aumentar os receios quanto ao bem-estar da alpinista iraniana Elnaz Rekabi, que este fim de semana competiu num torneio internacional na Coreia do Sul sem usar o véu islâmico (hijab).

A atleta foi aplaudida pelo passo, tido como solidário para com as milhares de mulheres e homens que, no seu país-natal, continuam mobilizados em protestos contra a repressão das autoridades, na sequência da morte da jovem Mahsa Amini sob custódia policial.

Amigos da atleta disseram à BBC que não conseguem contactar Rekabi desde domingo, quando foi fotografada no evento desportivo sem o "hijab" -- de uso obrigatório em todas as situações, sob as leis do regime iraniano.

Outras "fontes bem informadas" citadas pela BBC dizem que o telemóvel e o passaporte de Elnaz Rekabi foram confiscados antes de embarcar de volta para Teerão esta terça-feira de manhã.

Nada se sabe de Rekabi aparte uma história de Instagram que publicou esta madrugada, sob condições desconhecidas, na qual pedia desculpa pelas "preocupações que causou" porque o seu hijab "se tornou problemático sem intenções" devido à chamada súbita para começar a escalada na competição.

"Estou a voltar para o Irão com a minha equipa com base no calendário pré-definido", acrescentou na mesma história. A atleta é seguida por mais de 200 mil utilizadores.

No Twitter, a apresentadora da BBC Rana Rahimpour reforçou que "existem preocupações quanto à segurança" de Rekabi.

Segundo o "Iran Wire", um pequeno site de notícias anti-regime, Rekabi foi levada para a embaixada do Irão em Seul para minimizar o escrutínio sobre a sua situação. Uma fonte disse ao site que Rekabi ia voar para Teerão esta terça, um dia antes do previsto, para não ser recebida por manifestantes no aeroporto.

O "Guardian" não conseguiu verificar estas informações de forma independente.

No Twitter, a embaixada do Irão em Seul rejeitou "fortemente todas estas notícias falsas e desinformação" sobre Rekabi, sem adiantar mais informações sobre o paradeiro da atleta de 33 anos.

A Federação Internacional de Alpinismo Desportivo ainda não comentou o caso publicamente.

O Irão está a braços com protestos diários em massa há várias semanas, desde a morte de Amini às mãos da "polícia da moral". A jovem de 22 anos foi detida por não usar o seu hijab apropriadamente.

Em solidariedade, várias manifestantes têm queimado os seus hijabs e cortado o cabelo, em protestos que já chegaram até ao Parlamento Europeu e a Hollywood. Nas manifestações, os jovens em protesto gritam as palavras de ordem "zan, zendegi, azadi" ("mulher, vida, liberdade").

No ano passado, Rekabi tornou-se a primeira mulher iraniana a ganhar uma medalha num campeonato mundial de alpinismo desportivo. Desta vez ficou em quarto lugar na competição na Coreia do Sul.

As imagens em que é vista a escalar uma parede sem o véu, com o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo, têm corrido o mundo.

Rekabi, que costuma publicar fotos e vídeos no seu Instagram a treinar com o véu islâmico, será apenas a segunda atleta iraniana a desafiar as regras do regime quanto ao uso do "hijab".

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