20 out, 2022 - 19:48 • Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje sobre o envio de helicópteros Kamov para a Ucrânia que Portugal condena a invasão russa desde o início e não está preocupado em satisfazer a Rússia.
"Não há nenhuma razão para não fornecermos este apoio à Ucrânia", defendeu João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas, em Dublin, onde está a acompanhar a visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado se a insatisfação da Rússia com a entrega dos helicópteros Kamov não deve preocupar Portugal, o ministro respondeu: "Não. Temos uma invasão da Ucrânia pela Rússia, nós não estamos preocupados em satisfazer a Rússia, nós estamos preocupados em criar condições para que a Rússia possa sair dos territórios da Ucrânia que ocupou e regressar à legalidade internacional".
No seu entender, este gesto não constitui "nenhuma nova frente", porque Portugal tem tido uma posição "muito clara" sobre a invasão russa da Ucrânia desde o início, em 24 de fevereiro.
"Nós apoiamos a Ucrânia neste processo de defesa do seu território, da sua integridade territorial e da sua soberania, e condenamos sem qualquer nuance a invasão da Ucrânia pela Rússia", frisou.
Como enquadramento, o ministro referiu que "aquilo que estava previsto era a recuperação dos Kamov", mas "com a eclosão da guerra e com as sanções deixou de ser possível, porque boa parte das peças vêm da Rússia".
"A Ucrânia, por outro lado, tem a sua própria cadeia de fornecimento e, portanto, consegue recuperar os Kamov e, nesse sentido, os ucranianos ficaram muito satisfeitos com esta possibilidade que agora se irá concretizar", acrescentou.
Em outubro, Portugal anunciou o envio para a Ucrânia de seis helicópteros Kamov, de origem russa.
A ministra da Defesa, Helena Carreiras, disse hoje que o Governo mantém a intenção de enviar os seis helicópteros para a Ucrânia e manifestou desconhecimento em relação a críticas do regime russo sobre esta matéria.
Dos seis Kamov do Estado, adquiridos em 2006, um está acidentado desde 2012, outros dois estão para reparação desde 2015 e os restantes três estão inoperacionais desde o início de 2018.