31 out, 2022 - 17:50 • José Pedro Frazão , Teresa Paula Costa
O embaixador Francisco Seixas da Costa defende que o mandato de Lula da Silva, que acaba de ganhar a segunda volta das eleições no Brasil, vai ser pautado pela moderação.
Em declarações à Renascença, Seixas da Costa disse que “Lula tem a seu favor todos os oito anos e a história dos seus oito anos.” Por isso, houve “alguma moderação relativamente ao discurso mesmo durante a campanha”, moderação que “passou para o mundo internacional”.
O diplomata frisou que as reações do presidente Joe Biden e da Administração americana, bem como de outros líderes europeus, “traduzem bem que Lula não assusta ninguém, contrariamente àquilo que às vezes num certo Brasil existe ligado a uma certa complacência por parte do PT – Partido dos Trabalhadores - quer em relação à Venezuela, à Nicarágua e Cuba”.
“Lula não é, à partida, alguém que assusta”, repete Seixas da Costa.
Para João Gabriel Lima, o fantasma da corrupção poderá vir a ser um dos 'calcanhares de Aquiles' de Lula da Silva.
O jornalista e escritor considerou à Renascença que “a memória da corrupção ainda é muito grande entre os eleitores brasileiros.”
“Muitos não conseguiram votar em Lula por causa da questão da corrupção e Lula vai ter de fazer um sinal de um corte, de que a corrupção será punida no governo dele e que ele conseguirá um jeito de conseguir maiorias legislativas sem recorrer à corrupção”, explicou Gabriel Lima para quem a corrupção “é o grande gargalo (calcanhar de Aquiles) do Brasil.”
Para o jornalista, a curta margem entre os dois candidatos tem muito a ver com a memória da corrupção.
“Lula tem relativamente a uma das questões axiais que divide o mundo neste momento que é a questão da Ucrânia, uma posição que diria, é ambígua”, considerou o escritor.
Mas “essa ambiguidade não é do Lula”, mas “da política externa brasileira”. João Gabriel Lima dá o exemplo do “isolamento da Rússia na questão da relação mais próxima ou menos próxima com a China”.
Para o escritor, Lula “vai seguramente procurar ter aqui uma terceira via e essa terceira via não é muito agradável aos americanos.”
“Os americanos gostam que Lula regresse ao poder pela razão de que dá uma estabilidade à América Latina, que está bastante perturbada sob ponto de vista até dos variados regimes”, por isso “eu acho que a Europa e os Estados Unidos vão ser muito exigentes relativamente a Lula na questão da Ucrânia e aqui não sei se Lula terá espaço de manobra para conseguir dar corpo à sua ambiguidade”, rematou João Gabriel Lima.