03 nov, 2022 - 16:56 • Cristina Nascimento
Terá sido das intervenções mais simples de um político no Palco Central da Web Summit. O presidente timorense, José Ramos Horta, começou por se apresentar e dizer de onde vem.
“Venho de Timor-Leste, a uma hora de Bali, a uma hora de Darwin. 1 milhão e 300 mil pessoas”, traçou, acrescentando que são “um oásis de tranquilidade”.
“Temos zero violência política, zero violência étnica ou religiosa. Não temos sequer crime organizado, talvez porque geralmente somos um país muito desorganizado”, afirmou, arrancando gargalhadas das milhares de pessoas que estão no Altice Arena, no âmbito da Web Summit.
Depois, Ramos Horta, explicou sobre o que queria falar: como é que a tecnologia pode ajudar a acabar com a pobreza. É que, disse o presidente timorense, os programas internacionais de combate à pobreza têm falhado.
“A pobreza ainda persiste porque foram [os programas de ajuda] um fracasso. O dinheiro não chega, na realidade, às comunidades que mais precisam, não leva água limpa às comunidades, nutrição às crianças, às mães, às grávidas, não leva educação básica”, descreveu.
Assim, concluiu, Ramos Horta, não se pode esperar pelas grandes organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional ou o G7. “A mudança pode ser feita por vocês, por indivíduos”, disse Ramos Horta, incentivando de seguida.
“Venham para Timor Leste. Podem ir a partir de Lisboa, daqui voam para o Dubai, depois para Bali e depois Dili”, aconselhou.
Ramos Horta garantiu que estará e descreve a quem o ouve o que vão encontrar.
“A minha presidência não tem segurança. Os portões estão abertos. Todos os dias vão ver crianças a correr pelos jardins da presidência, verão uma pequena piscina que mandei construir para as crianças de rua. Tragam a vossa genialidade e brilhantismo, para fazer de Timor Leste nos próximos anos um centro digital da região”, disse.
Ramos Horta que, apesar de estar na cimeira tecnológica a falar de tecnologia, revelou que ainda assina cheques para levantar dinheiro e disse que até tem um smartphone de uma determinada marca, mas que só usa 5 ou 10% das potencialidades do aparelho.