08 nov, 2022 - 15:52 • Teresa Paula Costa
Alaa-Abdel Fattah, um dos ativistas da chamada “Primavera Árabe”, que está a cumprir uma pena de cinco anos no Egito, depois de ter sido condenado por alegadamente espalhar notícias falsas nas redes sociais sobre as condições nas prisões, entrou em greve de fome e de água.
O informático, que adquiriu nacionalidade britânica em 2021, começou há mais de 200 dias a consumir apenas 100 calorias por dia, em protesto contra a recusa das autoridades do Egito em permitir-lhe uma visita ao Consulado Britânico.
A situação levou a sua irmã, Mona Seif, a alertar nas redes sociais que “se não houver uma intervenção urgente, Alaa morrerá antes do fim da Cimeira do Clima”.
“Alaa está esgotado e não aguenta mais. O seu corpo é incapaz de sobreviver mais sem água”, esclareceu a jovem.
Também Sanaa Seif, outra irmã de Alaa-Abdel Fattah, que é igualmente ativista política, acampou em frente ao Gabinete de Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento, em protesto contra a forma como o irmão tem sido tratado.
Aos jornalistas presentes no local lamentou que, durante 200 dias, o Reino Unido tenha tido “três governos e que nenhum tenha conseguido o acesso básico ao Consulado britânico”. “É insuportável pensar que o presente caos político possa custar-lhe a vida”, rematou a jovem.
Na semana passada, 64 deputados de Westminster escreveram ao ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverely, a alertar que a vida de Abdel-Fattah estava em "sério risco".
Na carta, os deputados manifestavam a sua preocupação com o facto de o Egito, “um parceiro estratégico de longa data do Reino Unido, estar a agir com aparente desinteresse para com o nosso legítimo dever governamental de cuidar dos cidadãos britânicos”.
Apontando que “a COP27 será um momento de intenso escrutínio público ao Egito”, os deputados pediam ao Ministro dos Negócios Estrangeiros que “garanta que o Reino Unido aproveita a oportunidade para conseguir a libertação de Alaa”.
Entretanto, questionado pela BBC, Oliver Dowden, ministro do gabinete do primeiro-ministro britânico, respondeu que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, iria levantar a questão durante a Cimeira do Clima.
Segundo a BBC, Sunak enviou uma carta à família do detido, na qual afirma que o caso de Alaa é “uma prioridade para o governo britânico não só por ser um defensor dos direitos humanos, mas também por ser um cidadão britânico”.
Contudo, falando à Sky News, Sanaa Seif, irmã de Abdel Fattah mostrou-se preocupada com o facto de a intervenção de Rishi Sunak poder acontecer “tarde demais”.
A COP27 – 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – decorre até 18 de novembro, na cidade egípcia costeira de Sharm el-Sheikh, com mais de 35 mil participantes.