10 nov, 2022 - 09:26 • Joana Azevedo Viana com agências
O Irão diz que produziu, pela primeira vez, um míssil balístico hipersónico, anunciou esta quinta-feira o comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, Amirali Hajizadeh.
Um míssil hipersónico tem a capacidade de se deslocar a velocidades superiores a cinco vezes a velocidade do som (Mach 5).
"Este míssil balístico hipersónico pode contrariar escudos de defesa antiaérea. Poderá passar por todos os sistemas de defesa antimísseis", disse o responsável, citado pela agência Fars.
As autoridades iranianas não apresentaram quaisquer provas fotográficas, em vídeo ou outras que sustentem o anúncio, sendo que o vasto programa de mísseis balísticos da Guarda Revolucionária não tem armas desta natureza no seu arsenal, indica a Associated Press.
Este tipo de mísseis hipersónicos representam grandes desafios para os sistemas de defesa antimísseis, por causa da sua velocidade e margem de manobra.
Atualmente, acredita-se que tanto a China como os Estados Unidos estão a tentar desenvolver este tipo de mísseis. A Rússia, por sua vez, alega que já está a aplicar estas armas no terreno, nomeadamente na Ucrânia, país vizinho que invadiu por terra e ar no final de fevereiro.
O anúncio sobre a potente arma pelo Irão coincidiu com renovados protestos contra o regime dos aiatolas, apesar de ameaças renovadas do ministro dos Serviços de Informação e do chefe das Forças Armadas iranianas contra a dissidência no país e no estrangeiro.
Dezenas de milhares de iranianos estão mobilizados em manifestações desde 16 de setembro na sequência da morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos morta pela chamada "polícia da moral" por não usar o hijab (véu islâmico) corretamente.
Desde então, a vaga de protestos tem-se provado um dos maiores e mais sustentados desafios ao regime teocrático desde a Revolução Islâmica de 1979.
Até agora pelo menos 328 pessoas foram mortas e outras 14.825 detidas durante os protestos, de acordo com números dos Ativistas de Direitos Humanos do Irão, grupo que tem monitorizado estes 54 dias de manifestações contínuas. O Governo iraniano continua em silêncio sobre a repressão dos protestos e as forças de segurança alegam que não são responsáveis por qualquer morte.