12 nov, 2022 - 22:16 • Lusa
A repressão do movimento de protesto em curso no Irão desde setembro provocou 326 mortos, segundo um novo balanço divulgado pela organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.
O Irão tem sido palco de protestos desde a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana, de 22 anos, que estava sob custódia policial sob a acusação de ter violado o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
O protesto, que começou como uma rejeição das restrições de vestuário impostas às mulheres após a morte da jovem, evoluiu para um movimento dirigido contra a teocracia que tem governado o Irão desde a revolução islâmica de 1979.
"Pelo menos 326 pessoas, incluindo 43 crianças e 25 mulheres, foram mortas pelas forças de segurança em protestos por todo o país", disse a IHS, num relatório citado pela agência francesa AFP.
A IRS disse que se trata de um balanço mínimo, por estar ainda a verificar "um grande número de mortes comunicadas".
As manifestações, que são já consideradas a maior (...)
O balanço anterior divulgado pela mesma organização, que tem uma rede de informadores no Irão, era de 304 mortos.
Na província do Sistão-Baluchistão (sudeste), fronteira com o Paquistão, foram mortas 123 pessoas.
Este número inclui as mais de 90 vítimas de um atentado em 30 de setembro, durante uma manifestação em Zahedan para protestar contra a violação de uma rapariga de 15 anos por um polícia na cidade portuária de Chabahar.
O diretor do IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam, apelou à comunidade internacional para agir no sentido de parar a repressão no Irão.
"O estabelecimento de um mecanismo internacional de investigação e responsabilização pela ONU facilitará o processo de responsabilização dos perpetradores no futuro e aumentará o custo da repressão continuada da República Islâmica", disse Amiry-Moghaddam, citado pela AFP.
Em causa diversos casos de violações de direitos h(...)
Em vários países do mundo, incluindo Portugal, têm sido organizadas manifestações de protesto contra Teerão pela morte de Mahsa Amini e de solidariedade com os que protestam no Irão.
A comunidade internacional critica o Irão pela repressão do movimento de protesto, mas o regime de Teerão contrapõe que a contestação é fomentada pelo Ocidente.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, apelou hoje para um endurecimento das sanções já impostas pela União Europeia (UE).
"Vemo-lo nas ruas, nas salas de aula e nos tribunais de Teerão e de outras cidades iranianas. Vemos a luta pela liberdade e justiça", disse Scholz, na sua mensagem semanal aos alemães.
De acordo com a revista alemã Der Spiegel, a Alemanha e outros parceiros da UE propõem uma extensão das sanções a 31 altos funcionários e instituições responsáveis pelo aparelho de segurança do Irão.
Em outubro, a UE impôs sanções contra quase uma centena de indivíduos e organizações iranianas, que responsabilizou por violações dos direitos humanos no país.