14 nov, 2022 - 12:11 • Redação
Centenas de ativistas do clima, entre os quais 129 cientistas da Scientist Rebellion and Extinction Rebellion, barricaram-se em múltiplos aeroportos privados em protesto contra os jatos privados em 13 países nos últimos dias.
Aeroportos privados um pouco por todo o mundo, entre os quais o de Cascais em Portugal, bem como o Ministério das Infraestruturas da Holanda, foram os palcos escolhidos para as manifestações, que contaram com a participação de cerca de 200 pessoas ao todo.
Os manifestantes utilizaram uma série de táticas para bloquear as entradas dos aeroportos, recorrendo a tudos e a correntes de aço e com alguns a colarem-se a portas e a janelas. Noutros casos os ativistas optaram por recorrer a arte e música para passar a sua mensagem.
Em Ibiza, foi encenado um número de teatro para representar o desprezo e a arrogância dos mais ricos, enquanto a restante população se bate com dificuldades e com o impacto das alterações climáticas. Ao todo, 31 manifestantes foram detidos e posteriormente libertados, sendo que 58 pessoas foram identificadas pelas autoridades.
Estes dias de ação fizeram parte da campanha internacional "Make Them Pay", com os ativistas a apelarem aos líderes mundiais -- reunidos nos últimos dias em Sharm el-Sheikh, no Egito, para a 27.ª conferência anual da ONU sobre as alterações climáticas (COP 27) -- que proíbam o uso de jatos privados.
De acordo com dados recolhidos pelo FlightRadar, indicava a BBC News na semana passada, pelo menos 36 jatos privados aterraram em Sharm el-Sheikh entre 4 e 6 de novembro, a par de outros 64 que viajaram até ao Cairo, 24 deles oriundos de Sharm el-Sheikh.
Este tipo de aviões são, em média, 10 vezes mais intensivos em termos de emissões de carbono do que os aviões comerciais e 50 vezes mais poluentes do que os comboios.
Durante o protesto, os ativistas exigiram também um imposto para aqueles que viajam frequentemente de avião. As exigências incorporam uma proposta feita pelo Grupo de Países Menos Desenvolvidos -- representando aqueles que estão mais vulneráveis às alterações climáticas na COP 27 -- e têm sido apoiadas por múltiplas assembleias nacionais de cidadãos pelo clima.
Peter Kalmus, cientista climático da NASA, foi um dos detidos no bloqueio de um aeroporto privado na Carolina do Norte, nos EUA, no final da semana passada.
"Hoje fui preso pela segunda vez por tentar fazer aumentar a urgência pública face ao colapso da Terra. Estamos do lado certo da História, mas parece que estamos a perder", indicou aos jornalistas.
"Precisamos de reforços, precisamos que mais cientistas e mais pessoas se envolvam em desobediência civil não violenta. Neste momento, não é preciso ser cientista para saber que até acabarmos com os combustíveis fósseis, cada Verão será mais quente do que o último, e arriscamo-nos a perder praticamente tudo em sequência disso. O desrespeito geral na nossa sociedade por este facto fundamental é, para mim, espantoso."