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Mísseis atingem Polónia e matam duas pessoas. Rússia nega ataque

15 nov, 2022 - 18:52 • Ricardo Vieira, André Rodrigues

Informação foi avançada pelos serviços secretos norte-americanos, mas ainda não foi confirmada pelo Pentágono. A Polónia faz parte da NATO.

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Pelo menos duas pessoas morreram na sequência da queda do que se supõe serem dois mísseis de origem russa, esta terça-feira, em território da Polónia, segundo avança uma fonte dos serviços secretos norte-americanos citada pela AFP. A Rússia já negou o ataque.

As bombas caíram na zona de Przewodów, a cerca de 10 quilómetros da fronteira com a Ucrânia. Terão atingido uma exploração agrícola.

Por agora, o Pentágono não confirma, mas também não desmente a ocorrência de um incidente desta natureza em território da NATO.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Pentágono reconheceu que, nesta altura, não há evidências suficientes sobre o terá motivado este incidente.

“Neste momento, não temos informações que permitam corroborar esses relatórios. Mas estamos a levá-los a sério”, disse o general Pat Ryder.

“Não quero especular nem alimentar hipóteses. Mas quando o que está em causa são os compromissos de segurança e o artigo quinto, somos absolutamente cristalinos: vamos defender cada milímetro do território da NATO”, acrescentou.

Rússia nega ataque, Zelensky fala em "escalada significativa"

O Ministério da Defesa da Rússia já negou qualquer ataque contra território da Polónia.

“As declarações dos media e das autoridades polacas sobre a suposta queda de mísseis ‘russos’ na área de Przewoduv são uma provocação deliberada para agravar a situação. Nenhum ataque a alvos perto da fronteira ucraniano-polaca foi feito por rockets russos. Os destroços divulgados pelos media polacos na vila de Przewoduv não têm nada a ver com armas russas”, referem as autoridades de Moscovo.

Ainda do lado de Moscovo, Margarita Simonyan, editora-chefe do canal Russia Today, disse que “antes de acusarem um país capaz de transformar a Polónia em cinzas, deem-se ao trabalho de apresentar evidências”.

Simonyan devolve as acusações de Kiev e fala de erro ucraniano ou provocação da Polónia ou do Reino Unido.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que a Polónia foi atingida por mísseis russos.

“O terror não se limita às nossas fronteiras nacionais. Mísseis russos atingiram a Polónia… para disparar mísseis contra o território da NATO. Este é um ataque de míssil russo à segurança coletiva! Esta é uma escalada muito significativa. Devemos agir.”

Costa diz que é hora de “construir a paz”

O primeiro-ministro, António Costa, afirma que “é preciso aguardar pela confirmação da origem dos mísseis” que atingiram hoje a Polónia, provocando dois mortos, antes de a NATO tomar qualquer posição em relação à Rússia.

“É preciso aguardar pela confirmação da origem dos mísseis, mas há algo sobre o qual não é preciso esperar, é que qualquer arma de guerra é letal, qualquer arma de guerra deve ser evitada e não deve ser utilizada”, disse António Costa, aos jornalistas.

Para o primeiro-ministro português, esta é a hora de “construir a paz”, porque a “Rússia não pode ganhar a guerra”.

Reação da NATO "nunca será automática"

Perante os dados disponíveis nesta altura, o major-general Carlos Branco considera prematuro que este incidente possa alterar radicalmente o rumo do conflito na Ucrânia.

Em declarações à Renascença, o militar reconhece que estamos perante uma situação “muito preocupante, mas penso que não podemos avaliar de uma forma alarmista”.

Nesse sentido, o major-general Carlos Branco exclui, por agora, a possibilidade de uma reação por parte da Aliança Atlântica na sequência deste incidente.

“A reação nunca será automática. A reação exige, de imediato, uma reunião de emergência do Conselho do Atlântico Norte e, aí, com mais informação, será recolhida a opinião dos diferentes países e será tomada uma decisão. Mas, imediatamente, não podemos concluir que vai ser acionado o Artigo 5.º, não excluindo, naturalmente, essa possibilidade e que podemos entrar imediatamente para um confronto entre a NATO e a Rússia”, concluiu.

O artigo 5.º do Tratado da Aliança Atlântica refere que "um ataque armado contra uma ou vários membros na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todos".

Alguns analistas admitem que os mísseis tivessem como destino alvos na cidade ucraniana de Lviv.

Os mísseis atingiram território polaco no dia em que a Rússia disparou pelo menos 85 mísseis contra várias cidades ucranianas, incluindo Kiev.

Grande parte do território da Moldávia ficou esta terça-feira sem energia elétrica em resultado dos bombardeamentos russos na Ucrânia, adianta a AFP.

Oficialmente, as autoridades dos Estados Unidos ainda não confirmaram a informação. "Estamos cientes dos relatos da imprensa alegando que dois mísseis russos atingiram um local dentro da Polónia, perto da fronteira com a Ucrânia. Posso dizer que não temos nenhuma informação neste momento para corroborar esses relatórios e estamos a investigar isso mais a fundo", declarou o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder.

O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, já convocou uma reunião e emergência após o incidente.

O ministro da Defesa da Letónia, Artis Pabriks, já manifestou solidariedade para com a Polónia.

“As minhas condolências aos nossos irmãos de armas polacos. O criminoso regime russo disparou mísseis que atingiram não apenas os civis ucranianos, mas também atingiram o território da NATO na Polónia. A Letónia apoia totalmente os amigos polacos e condena este crime”, escreveu Artis Pabriks, na rede social Twitter.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Estónia também reagiu ao incidente desta terça-feira.

“As últimas notícias da Polónia são as mais preocupantes. Estamos a consultar de perto a Polónia e outros Aliados. A Estónia está pronta para defender cada centímetro do território da NATO. Somos totalmente solidários com nosso aliado próximo, a Polónia.”

O Governo da Hungria também convocou uma reunião do conselho de segurança do país, para analisar a explosão de mísseis na Polónia e a suspensão do fornecimento de petróleo através do pipeline de Druzhba.

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  • Cidadao
    15 nov, 2022 Lisboa 20:57
    É melhor que isto tenha sido um erro de material, ou os misseis russos tenham sido danificados pelas anti-aéreas ucranianas e vindo tombar na Polónia. Perderam-se 2 vidas, mas pode-se ter evitado a invocação do art.º V em que praticamente a III guerra ficava a um passo - a não ser que a NATO respondesse da maneira que devia ter respondido há muito que era impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia e tudo o que viesse do lado russo era para deitar abaixo. Se não foi um erro, o resultado da ação anti-aérea ucraniana e se foi de propósito... Uma palavra para as palavras dessa doida da Margarita Simonyan: oh mulherzinha estúpida, tanto pode o teu País reduzir a Polónia a cinzas, como a NATO fazer o mesmo à tua Rússia, ou julgavas que ficávamos de braços cruzados a ver-vos destruírem um dos nossos?
  • O Empate
    15 nov, 2022 e as Margaritas doidas 20:33
    Tu Transformavas a Polónia em Cinzas e a tua bem amada Mãe-Rússia desaparecia do mapa, ou achas que a NATO cruzava os braços e também não te incinerava a ti e ao teu País, de imediato Oh Margarita Simonyan? Por isso deixa lá a ameaça do nuclear, porque nuclear, também o Ocidente tem e mais que suficientes para ti. De qualquer maneira já se esperava que a canalha russa não só nada assumisse, como ainda viesse dizer que a culpa deve ser da Ucrânia por não se render, nem deixar os misseis russos destruírem o território ucraniano à vontade. Para quando a zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia?
  • Erro ou algo mais?
    15 nov, 2022 Pelo sim pelo não 19:36
    Duvido que os russos fossem tão estúpidos que atacassem deliberadamente um País NATO, sabendo que isso era a III Guerra Mundial. O mais provável é mísseis a cair de podres que é o que lhes vai restando, terem perdido o rumo ou terem sido danificados pelo fogo anti-aéreo Ucraniano, e caído em território Polaco, infelizmente para as duas vítimas mortais. Mas se não há motivos para invocar o art.º 5.º , há muitos motivos para reagir a isto, e uma das reações poderia ser, por motivos de defesa contra estes "erros", declarar e impor uma zona de exclusão aérea que cubra no mínimo toda a fronteira onde haja combates. E se a Rússia quiser desafiar isso, então tudo o vier a voar da Rússia é para deitar abaixo.
  • João
    15 nov, 2022 Vila Nova de Gaia 19:29
    Temos que repostar já. Medo de que? Devolver na mesma moeda.
  • Fernando Augusto Neves Rocha
    15 nov, 2022 Salvaterra de Magos 19:20
    Os bónus a cobradores de dívidas à Segurança Social é um autêntico disparate. Se a função é cobrar aos devedores, porquê premiar estes e não todos, não fazem parte de um todo? Há qualquer coisa de errado em todo o processo remuneratório da administração pública. Temos empresas públicas que pagam subsídios de assiduidade para trabalhores trabalharem sendo que para trabalharem têm que estar presentes.... Mas em que País vivemos??? Sem mais comentários.

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