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A COP27 foi "um somatório de egoísmos", avalia Joanaz de Melo

21 nov, 2022 - 23:35 • João Malheiro

Dirigente do GEOTA lamenta que, "num espaço de negociação", como é a COP, um conjunto de países tenha "aproveitado a boleia da crise energética para não estarem interessados a negociar".

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João Joanaz de Melo, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), considera que a COP27 foi um "somatório de egoísmos".

À Renascença, o professor da Universidade NOVA de Lisboa diz que o saiu da cimeira do clima "foi muito pouco" e lamenta que não tenha sido chegar a "compromissos mais significativos que são necessários".

"Para reduzir a utilização de combustíveis fósseis, para acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis e ficamos muito aquém do que seria possível se houvesse boa vontade", realça.

O único ponto "positivo" foi a aprovação de um documento que cria um fundo que visa compensar os países mais pobres e vulneráveis pelas perdas e danos causados por eventos extremos, associados às alterações climáticas. No entanto, Joanaz pede para que "não se perca de vista aquilo que está por fazer".

"O facto da comunidade internacional conseguir compensar os países mais lesados, convém que não nos faça esquecer que ainda temos uma crise climática para resolver. É um passo positivo, mas chamar a esta cimeira de vitória parece-me, francamente, otimista", avalia.

O elemento do GEOTA lamenta que, "num espaço de negociação", como é a COP, um conjunto de países tenha "aproveitado a boleia da crise energética para não estarem interessados a negociar".

João Joanaz de Melo pede que se mudem mentalidades e que "poluir tem de ser caro".

"Em Glasgow houve alguns avanços, como, por exemplo, a redução da utilização do carvão. Havia esperança que no Egito isso se fizesse com outros combustíveis fósseis, mas não foi possível esse acordo. As necessidades não se alteraram, até se agravaram", aponta.

Já sobre a postura de Portugal, o professor da Universidade NOVA de Lisboa, afirma que a intervenção de António Costa foi uma das declarações de intenções "mais positivas da cimeira". Mesmo assim, alerta "que não estamos a convergir para essas intenções".

"Tem-se feito muitas declarações de intenções, algumas medidas, mas ainda muito insuficiente ao que é preciso. Estamos muito aquém do que já devíamos estar a fazer", sublinha.

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