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“Não há nenhum problema no relacionamento entre Portugal e o Qatar”, diz Santos Silva

28 nov, 2022 - 09:16 • Redação com Lusa

Presidente da Assembleia da República lembra ajuda do Qatar na retirada de dezenas de pessoas do Afeganistão e "o inexcedível apoio" após morte do ex-embaixador.

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O presidente da Assembleia da República rejeita polémicas sobre a ida ao Qatar para ver a seleção nacional e que Portugal também tem ainda muito a fazer em matéria de direitos humanos. Também assegurou assegurou não haver há qualquer problema de relacionamento entre Portugal e o Qatar.

“Todos nós temos que avançar muito nessa matéria e noutras, temos que avançar no nosso relacionamento e na nossa compreensão mútua, temos que avançar consolidando os domínios em que somos fortes e melhorando nos domínios em que não somos fortes e isso aplica-se a todos os países incluindo Portugal”, defendeu no Qatar, onde se encontra para assistir, mais logo, ao jogo Portugal-Uruguai.

O presidente da Assembleia da República assegurou que não há qualquer problema de relacionamento entre Portugal e o Qatar, e salientou que todos os portugueses residentes naquele país asiático “podem estar tranquilos”.

“As minhas responsabilidades, hoje, já não são de condução da política externa, mas posso tranquilizar todas as pessoas. Não há nenhum problema no relacionamento entre Portugal e o Qatar, que têm um relacionamento diplomático intenso. O Qatar é um dos estados do Golfo em que temos um embaixador residente e é uma região estratégica para nós”, afirmou a segunda figura do Estado português.

Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas, em Doha, à margem de um encontro com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, garantiu que a segurança dos residentes lusos no Qatar não está em causa, apesar das críticas proferidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, relativamente às violações dos direitos humanos por parte do Qatar.

“Os portugueses aqui residentes podem estar tranquilos, porque, se há coisa que caracteriza a política externa portuguesa é a ação externa de todos os órgãos de soberania, é colocar sempre como prioridade o bem-estar, o interesse, a segurança e a tranquilidade de todos os portugueses que vivem em quase todos os lados do mundo”, referiu.

Santos Silva recorda dois momentos

Lembrou “o inexcedível apoio” que as autoridades qataris prestaram a Portugal por ocasião da morte do ex-embaixador luso no país Ricardo Pracana, em 2020, mas não só.

“Quando tivemos de retirar dezenas e dezenas de pessoas do Afeganistão, designadamente afegãos que tinham colaborado com as Forças Armadas portuguesas, numa operação muito difícil, conseguimo-lo fazer, porque contámos com o apoio do Paquistão, na rota terrestre, e do Qatar, na rota aérea. Estas coisas não se esquecem. Tal como não se esquece a posição que o Qatar tem tido na Assembleia Geral das Nações Unidas na condenação da guerra na Ucrânia, e também não se esquece a importância geopolítica e geoeconómica que esta região tem no mundo”, salientou.

Santos Silva disse ainda que na agenda das reuniões que vai manter com as autoridades qataris “estão todos os assuntos que são de interesse quer para Portugal quer para o Qatar”, e afirmou que todos os países “têm de avançar muito em matéria de direitos humanos”.

“Todos nós temos de avançar muito em matéria de direitos humanos, no relacionamento e compreensão mútuos. Temos de avançar, consolidando os domínios em que somos fortes e melhorando os domínios em que não somos fortes, e isso aplica-se a todos os países, incluindo Portugal”, concluiu.

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  • Raul Silva
    28 nov, 2022 Agualva-Cacém 21:42
    Simplesmente curiosa a conveniente perda de memória de Augusto Santos Silva. Esqueceu por completo o que se passou com o cidadão português César Ferreira que trabalhou para a Qatar Airways até ser despedido sem justificação. O visto de residência terminou e esteve detido dois meses no Qatar sem saber porquê. No dia em que César Ferreira tinha marcado voo para Portugal, o processo de saída foi negado e o português acabou por ser detido. Foi transferido para as instalações do departamento de investigação criminal do Qatar. Ficou detido até poder contactar a embaixada portuguesa, seis dias depois. Apenas um mês após a sua detenção, César Ferreira foi visitado por um representante do consulado português. Ficou livre, mas o Estado do Qatar não lhe permitiu arranjar emprego ou sair do país. César Ferreira ficou a viver à porta da embaixada portuguesa, num espaço de um metro quadrado,sem dinheiro e com uma refeição por dia. Não conseguiu receber apoio da diplomacia nacional, embora tenha enviado cartas ao Presidente da República, Primeiro-Ministro, à Assembleia da República e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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