01 dez, 2022 - 15:45 • Pedro Valente Lima
Os presidentes de Estados Unidos e França voltam a encontrar-se esta quinta-feira, naquela que é a primeira visita de Estado que Joe Biden recebe desde que tomou posse, no início de 2021.
Emmanuel Macron já havia chegado ao país esta terça-feira, tendo inclusivamente jantado na companhia do homólogo norte-americano no dia seguinte.
Ao receber o Presidente francês na Casa Branca, Biden destaca que "os EUA não podia pedir melhor parceiro do que a França". "Durante séculos, juntámo-nos, traçamos o caminho em direção a mais liberdade, mais oportunidades, mais dignidade e mais paz."
Já Macron admitiu ser uma "honra" e uma "emoção" estar com os "queridos Joe e Jill Biden" na residência oficial do Presidente norte-americano, uma vez que "as duas nações são irmãs na sua luta pela liberdade".
Apesar da receção calorosa, a visita de Estado de Emmanuel Macron aponta as armas à aliança transatlântica, nomeadamente quanto aos custos da guerra na Ucrânia e a possível ajuda dos Estados Unidos aos parceiros europeus.
De acordo com a Reuters, há a expectativa de que o Presidente da França partilhe as suas preocupações e críticas ao Inflation Reduction Act (IRA), um pacote de ajuda à economia dos Estados Unidos a rondar os 430 mil milhões de dólares (o equivalente a 409,4 mil milhões de euros).
Tal como o nome indica, o IRA destina-se a combater a crise inflaiconista que se vive no país, com medidas como a redução do preço de vários medicamentos, maior investimento na comparticipação de cuidados de saúde ou a redução das faturas da energia.
No entanto, a ajuda anunciada pela administração Biden, no campo das empresas, destina-se sobretudo a companhias norte-americanas - e produtos "Made in USA" -, algo que os Macron considera injusto para as empresas europeias que foram afetadas pela crise inflacionista e pelos custos da guerra na Ucrânia.
Porta-voz da Casa Branca disse, esta segunda-feira(...)
Para o chefe de Estado francês, a União Europeia (UE) e os EUA "não estão em pé de igualdade", especialmente sob as medidas protecionistas que os Estados Unidos se preparam para adotar.
Segundo a agência Reuters, num encontro com vários deputados do Congresso, Emmanuel Macron terá admitido que este pacote seria "super agressivo" para as empresas e negócios da Europa.
Já à comunidade francesa em Washington D.C., Macron frisava que os custos da guerra era muito maiores no continente europeu do que nos EUA e apontava o dedo aos norte-americanos, que deixariam os aliados para trás, no que poderá ser "uma divisão do Ocidente".
No entanto, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, contraria as preocupações do Presidente francês, sublinhando que o diploma de Biden "apresenta oportunidades significativas para companhias europeias, assim como beneficia a segurança energética da União Europeia".
De acordo com a CNN, Emmanuel Macron e Joe Biden irão discutir tópicos de "interesse comum", relativos, nomeadamente, aos capítulos da invasão russa à Ucrânia, os tumultos no Irão, a influência crescente da China, a inflação e a emergência climática.
Por outro lado, esta será também uma oportunidade para o Presidente norte-americano se redimir da "crise dos submarinos" de 2021. No ano passado, EUA e Reino Unido "roubaram" um acordo à França para a venda de submarinos à Austrália, naquilo que seria uma parceria entre os três países anglófonos, conhecida como "AUKUS".
Defesa
Pacto de defesa entre os Estados Unidos, Reino Uni(...)
Inicialmente, Canberra havia negociado com Paris uma aquisição a rondar os 90 mil milhões de dólares. Desde então, segundo o jornal The Guardian, Joe Biden já terá pedido o perdão a Macron pela gestão "trapalhona" dos EUA.
Já desde o ano passado, numa tentativa de redenção norte-americana, ambos os países avançaram com um grupo de trabalhos na cooperação para o espaço, ciberespaço e questões de energia.