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Prémio Nobel francesa diz que homens devem mudar atitudes agora

07 dez, 2022 - 05:48 • Lusa

As mulheres “aceitam há muito situações que considero absolutamente inaceitáveis e intoleráveis”, diz a escritora de 82 anos.

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A escritora francesa Annie Ernaux, que venceu o Prémio Nobel da Literatura em 2022, disse que os homens precisam de mudar a suas atitudes agora, antes que as mulheres alcancem a igualdade de género total.

“Se os homens não tomarem consciência do seu corpo, do seu modo de vida, do seu modo de se comportar e do que os motiva, não vai acontecer nenhuma libertação real para as mulheres”, disse Ernaux numa conferência de imprensa antes da cerimónia de entrega dos galardões do Prémio Nobel no sábado.

As mulheres “aceitam há muito situações que considero absolutamente inaceitáveis e intoleráveis”, disse a escritora de 82 anos.

Ernaux ganhou o prémio por misturar ficção e autobiografia em livros que investigam as suas próprias experiências como uma mulher da classe trabalhadora que explora a vida em França desde a década de 1940.

A premiada disse que tinha “idade suficiente para ter sido ativista na década de 1970 pela liberdade em França, contraceção e aborto”.

A Academia Sueca, que concede o prémio, citou-a “pela coragem e acuidade clínica com que ela revela as raízes, estranhezas e restrições coletivas da memória pessoal”.

Nos seus livros, Ernaux investigou experiências e sentimentos profundamente pessoais – amor, sexo, aborto, vergonha – dentro de uma sociedade dividida por divisões de género e classe.

A francesa escreve mais 20 livros, a maioria deles muito curtos, narrando eventos da sua vida e das pessoas ao seu redor. O seu trabalho pinta retratos intransigentes de encontros sexuais, aborto, doenças e morte dos seus pais.

Mais de uma dúzia de escritores franceses conquistaram o Prémio Nobel da Literatura, embora Ernaux seja a primeira mulher em França a ganhar e apenas a 17.ª entre os 119 vencedores do galardão.

“Na verdade, sou a primeira mulher em França a receber o Prémio Nobel da Literatura. Há uma espécie de desconfiança em relação a uma mulher que recebe o Nobel, mas também a uma mulher que escreve”, disse Ernaux.

“De certa forma, isso está contra mim dentro de uma certa intelectualidade conservadora”, acrescentou.

Ernaux e os outros vencedores do Prémio Nobel – todos menos o da Paz, que é entregue na Noruega, de acordo com a vontade do fundador, Alfred Nobel – vão receber os prémios durante uma cerimónia no Stockholm Concert Hall – Estocolmo – com a presença da família real sueca.

Os prémios são sempre entregues em 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel em 1896.

O prémio inclui um diploma, uma medalha de ouro e um prémio monetário de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 923.804 euros).

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