19 dez, 2022 - 09:35 • Joana Azevedo Viana , Fátima Casanova , Cristina Nascimento
Depois de quatro anos de conversações e de quase duas semanas de negociações, os Estados-membros da COP15 aprovaram esta segunda-feira um histórico acordo de proteção da biodiverisade global.
O acordo, fechado no penúltimo dia da cimeira dedicada ao tema em Montreal, no Canadá, prevê garantias de proteção de pelo menos 30% da terra e água do planeta até 2030, com centenas de milhares de milhões direcionados para a conservação de locais e espécies selvagens.
O anúncio foi feito esta manhã pela China, que preside à conferência da ONU, apesar da oposição da República Democrática do Congo.
Atualmente, apenas 17% das áreas terrestres e 10% das áreas marinhas consideradas importantes para a manutenção da biodiversidade estão protegidas. Desde 1970, a biodiversidade no planeta Terra sofreu um declínio de quase 70%.
O acordo hoje alcançado prevê que se aumente para 200 mil milhões de dólares o total de fundos a aplicar na proteção da biodiversidade até 2030, prevendo a possibilidade de virem a serem investidos outros 500 mil milhões ao longo dos próximos anos.
Como parte do plano de financiamento, os países signatários preveem aumentar para pelo menos 20 mil milhões de dólares o valor anual destinado a países pobres até 2025 para garantir a proteção da biodiversidade nos seus territórios — cerca do dobro do que é atualmente atribuído. Esse valor poderá ascender aos 30 mil milhões de dólares até 2030.
"Nunca houve um objetivo de conservação global a esta escala", disse aos jornalistas Brian O'Donnell, diretor do grupo de conservação Campanha pela Natureza, logo após o anúncio. "Isto cria uma hipótese de salvaguardarmos a biodiversidade e impedirmos o seu colapso. De acordo com os cientistas, está agora ao nosso alcance fazer a diferença na biodiversidade."
Acordo “efetivamente histórico”, diz ZERO
Francisco Ferreira da associação ambientalista ZERO garante que “aquilo que hoje se decidiu de madrugada em Montreal é efetivamente histórico” e destaca algumas das metas agora estabelecidas.
“Garantir que deixamos de ter extinção de espécies associadas à atividade humana até 2050, que deixamos também de colocar em perigo muitas dessas espécies, que passamos a gerir a biodiversidade de forma sustentável e que as funções e os serviços dos ecossistemas são valorizados para as pessoas, mas, mais importante ainda do que isso, é que há uma mobilização do ponto de vista do financiamento, principalmente para os países mais necessitados, da ordem dos 200 mil milhões de dólares por ano”, destaca o ambientalista.
O acordo prevê ainda 23 metas de ação urgente já para 2030, das quais Francisco Ferreira destaca “ter 30% das áreas terrestres, águas interiores, costeiras e marinhas efetivamente conservadas e geridas e fazer com que aquelas que já estão degradadas pelo menos 30% sejam restauradas ao longo dos próximos anos”.
Nestas declarações à Renascença, Francisco Ferreira destaca “também todo um outro conjunto de metas que passam por reduzir a poluição, por impedir subsídios que estão a pôr em causa a preservação da natureza”.
[notícia atualizada às 11h36]