21 dez, 2022 - 12:42 • Lusa
A presidente do Senado russo, Valentina Matviyenko, recusou esta quarta-feira estabelecer prazos para a "operação militar especial" da Rússia na Ucrânia, que começou há 301 dias.
"As metas e objetivos da operação militar especial foram estabelecidos. Acabará quando forem alcançados", disse Matviyenko numa conferência de imprensa transmitida em direto na televisão, citada pela agência espanhola EFE.
Matviyenko disse ser "incorreto falar de datas específicas" para a operação militar especial, a designação oficial que a Rússia usa para se referir à guerra que iniciou na Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano.
"Inicialmente, quando foi tomada a decisão de lançar uma operação militar especial, esta não respeitava quaisquer datas e prazos", disse a presidente do Senado russo.
Matviyenko considerou também que ofensiva militar russa "era a única forma possível de proteger a segurança" da Rússia.
A dirigente russa desmentiu ainda a existência de planos para uma nova mobilização geral, depois de Kiev ter sugerido que a Rússia estava a considerar enviar mais soldados para a Ucrânia e até tentar conquistar a capital.
O Presidente russo, Vladimir Putin, "disse que não há necessidade de uma nova mobilização", assegurou Matviyenko.
"Honestamente, a questão não foi levantada nem discutida. Não está na ordem do dia", acrescentou, citada pela agência espanhola Europa Press.
Matviyenko reagia a declarações do secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, na segunda-feira, sobre a possibilidade de Moscovo ordenar uma mobilização geral e tentar uma nova ofensiva sobre Kiev.
"Não excluímos a hipótese de que declarem uma mobilização geral", afirmou Danilov em entrevista ao jornal digital Ukrainska Pravda.
"Quero que todos entendamos que [os russos] não renunciaram à ideia de destruir a nossa nação. Se não tiverem Kiev nas mãos, não terão nada nas mãos, temos de entender isso", disse Danilov.
No campo de batalha, a Rússia anunciou hoje que tomou novas posições na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
"No âmbito das ações ofensivas, as tropas russas ocuparam novas áreas elevadas e linhas dominantes na direção de Donetsk", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov.
O porta-voz disse também que as tropas russas mataram "mais de 80 militares ucranianos" e destruíram um tanque e três veículos de infantaria, segundo a agência noticiosa russa TASS.
Donetsk tem sido um dos principais centros de hostilidades nas últimas semanas.
Em 30 de setembro, a Rússia anunciou a anexação de Donetsk e Lugansk, as duas regiões que constituem o Donbass, no leste da Ucrânia.
Separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, apoiados por Moscovo, estão em guerra com Kiev desde 2014.
Dias antes da invasão da Ucrânia, a Rússia reconheceu a declaração de independência dos separatistas do Donbass e usou um pedido de auxílio das duas autoproclamadas repúblicas populares como uma das justificações para a operação militar.
Além de Donetsk e Lugansk, Moscovo anunciou também a anexação das regiões de Kherson e de Zaporijia, onde se situa a maior central nuclear da Europa.
O anúncio das anexações, não reconhecidas por Kiev nem pela generalidade da comunidade internacional, foi feito apesar de a Rússia controlar apenas parte de cada uma das quatro regiões.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.