27 dez, 2022 - 11:14 • Redação com Lusa
Os chineses reagiram esta terça-feira, nas redes sociais, com entusiasmo ao fim das restrições que mantiveram o país isolado do mundo exterior desde março de 2020, noticiou a agência France-Presse (AFP).
As autoridades puseram termo à maioria das medidas contra a covid-19 sem aviso prévio em 07 de dezembro, no meio de crescente exasperação pública e de enorme impacto na economia.
O último vestígio da política "zero covid", a quarentena obrigatória para quem chega ao país oriundo do estrangeiro, vai ser abolida a partir de 8 de janeiro, anunciou Pequim na segunda-feira à noite.
"Acabou... a primavera está a chegar", reagiu um utilizador entusiasmado, num comentários mais aplaudidos no Weibo, o equivalente chinês da rede social Twitter.
"Estou a preparar-me para a minha viagem ao estrangeiro", escreveu outro utilizador, enquanto um terceiro comentou: "espero que o preço do bilhete de regresso não volte a subir".
As buscas online de voos para o estrangeiro dispararam assim que o anúncio foi conhecido, de acordo com os meios de comunicação social estatais.
O site de viagens Tongcheng registou um salto de 850% nas pesquisas e um aumento de dez vezes nos pedidos de visto.
Por seu lado, a agência Trip.com relatou que, meia hora depois do anúncio, o volume de pesquisas de destinos fora da China continental aumentou dez vezes em relação ao ano anterior. Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul encontravam-se entre os destinos mais procurados.
A decisão de abolir as quarentenas à chegada significa o fim da rígida política "zero covid" que durante quase três anos impôs testes generalizados, confinamentos sem aviso prévio e longas quarentenas obrigatórias nos centros que abalaram a segunda maior economia do mundo.
"É um alívio", disse o diretor-geral da Câmara de Comércio sino-britânica da China Tom Simpson. A medida "põe fim a três anos de perturbação muito significativa".
A partir do próximo mês, apenas um teste negativo com menos de 48 horas será necessário para entrar na China, anunciou a Comissão de Saúde do país, na segunda-feira à noite.
No entanto, algumas restrições permanecem em vigor, como a manutenção da suspensão, em grande parte, da emissão de vistos turísticos e de estudantes estrangeiros.
O levantamento de grande parte das restriçõe sanitárias coincide com um novo surto de Covid-19 na China.
A vaga de inverno está a acontecer a alguns dias do Ano Novo e a algumas semanas do Ano Novo Lunar, no final de janeiro, quando milhões de pessoas vão viajar para visitar familiares, naquela que é conhecida como a maior migração humana.
O encerramento gradual da estratégia da “Covid zero” na China, desde o início de dezembro, foi acompanhado por um aumento preocupante de infeções no país.
Com os números oficiais cada vez mais sob escrutínio, após se tornar flagrande a subestimação de infeções e mortes por Covid, levaram a China a anunciar no domingo que ia deixar, a partir desse dia, de publicar dados sobre os casos.
Os hospitais e os crematórios de todo o país estão a transbordar de doentes e vítimas da doença, e estudos ocidentais indicam que até um milhão de pessoas poderá morrer nos próximos meses.
As grandes cidades lutam agora com a escassez de medicamentos antipiréticos, enquanto as instalações médicas de emergência estão a receber um um afluxo de doentes idosos não vacinados.
Pequim insistiu que o país está pronto para resistir à vaga e que o público deve assumir o comando.
"Precisamos que o público se proteja devidamente e continue a cooperar com medidas adequadas de prevenção e controlo" da covid, disse o epidemiologista Liang Wannian, que aconselha as autoridades sanitárias, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Tóquio anunciou entretanto que vai impor a realização de testes à Covid-19 a passageiros provenientes da China continental, anunciou hoje o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
A medida entrará em vigor na sexta-feira. Os visitantes provenientes da China serão assim os únicos no Japão a terem de fazer automaticamente um teste Covid, além de qualquer viajante que apresente sintomas à chegada ao território japonês.
Há “informações que as infeções estão a se espalhar rapidamente” na China, justificou Kishida aos jornalistas.
E “é difícil estabelecer com precisão a situação [na China] por causa das diferenças significativas entre as autoridades centrais e locais, bem como entre o Governo e o setor privado”, referiu o primeiro-ministro japonês.
“Isso está a provocar uma preocupação crescente no Japão”, sublinhou.