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Polícia do Irão retoma vigilância ao uso do véu islâmico

02 jan, 2023 - 14:22 • Lusa

O programa Nazer (vigilância, em persa) foi lançado pela polícia em 2020. Anúncio foi feito mais de 100 dias depois da morte de Mahsa Amini, que gerou mobilização e protestos inéditos no país em anos.

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A polícia iraniana recomeçou a fiscalizar o uso do véu islâmico (‘hijab’) pelas mulheres no interior de veículos automóveis, relatou hoje a imprensa local, mais de 100 dias após a detenção e morte da jovem iraniana curda Mahsa Amini.

O Irão tem sido abalado por manifestações e tumultos desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, a 16 de setembro de 2022, após ter sido detida pela chamada polícia da moralidade por alegada violação do rígido código de vestuário para as mulheres aplicado na República Islâmica.

“A polícia iniciou a nova etapa do programa Nazer-1 [vigilância’ em persa] em todo o país”, disse um alto funcionário da polícia, em declarações a agência noticiosa iraniana Fars, citada pelas agências internacionais.

“Deve referir-se que o Nazer-1 é sobre a ausência do ‘hijab’ dentro de viaturas”, sublinhou a mesma fonte, acrescentando que, se for detetada uma infração, a polícia enviará uma mensagem de texto ao condutor do veículo.

De acordo com a agência Fars, a mensagem enviada menciona que a “ausência do véu” foi observada no interior do veículo fiscalizado e deixa uma advertência.

“É necessário respeitar as normas da sociedade e ter atenção para não repetir tal ato”, indica a mensagem em questão, que numa versão anterior ia mais longe e admitia, em caso de reincidência, a aplicação de “consequências legais e judiciais”.

O programa Nazer foi lançado pela polícia em 2020.

Após a mobilização gerada pela morte de Mahsa Amini, a chamada polícia da moralidade deixou de deter mulheres que andavam de cabeça descoberta nas ruas, bem como deixou de reencaminhar estes casos para as esquadras.

No início de dezembro, o procurador-geral iraniano, Mohammad Jafar Montazeri, anunciou a dissolução desta força policial e o encerramento das respetivas unidades, conhecidas como Gasht-e Ershad (“patrulha de orientação”).

O anúncio foi encarado com ceticismo pelos ativistas que permaneceram nas ruas a contestar o regime de Teerão, em protestos fortemente reprimidos pelas autoridades iranianas.

Pelo menos 100 iranianos, detidos nas manifestações que decorrem desde setembro no Irão, enfrentam acusações passíveis de punição com pena de morte, alertou, na semana passada, a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.

De acordo com a IHR, mais de 470 manifestantes foram mortos desde meados de setembro.

Em novembro, as Nações Unidas divulgaram que pelo menos 14 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos no Irão.

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