03 jan, 2023 - 12:07 • Lusa
O Reino Unido ultrapassou França e Suíça no número de imigrantes portugueses que adquiram a nacionalidade daquele país em 2021, divulgou hoje o Observatório da Emigração, confirmado a tendência ascendente desde o referendo do 'Brexit' em 2016.
Em 2021 adquiriram nacionalidade britânica 2.561 portugueses, a maioria por direito enquanto residente permanente ou registo de menores, mais 25% do que os 2.042 registados em 2020.
De acordo com as estatísticas do Ministério do Interior britânico, o número já tinha disparado para 2.227 em 2019, mas o impacto da pandemia covid-19 nos serviços públicos também afetou este processo, reduzindo o número de atos administrativos.
Nos primeiros três trimestres de 2022, já adquiriram a nacionalidade britânica 2.066 portugueses.
Em 2015, ano anterior ao referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), só 422 portugueses adquiriram a nacionalidade britânica, valor que tem vindo a subir rapidamente desde então (672 em 2016, 1.234 em 2017, 1.906 em 2018, 2.227 em 2019).
"Este incremento parece explicar-se, sobretudo, pelos receios induzidos pelo 'Brexit' e pela redução de direitos associados ao estatuto de estrangeiro que daí poderá resultar", afirmou a investigadora do Observatório da Emigração, Inês Vidigal.
O Ministério do Interior britânico confirmou que os cidadãos da UE representaram quase um terço (32%) de todos os pedidos de nacionalidade britânica em 2021 em comparação com 12% em 2016.
A candidatura à nacionalidade britânica pode ser feita após um período mínimo de residência de cinco anos no Reino Unido e 12 meses enquanto residente permanente, no caso dos cidadãos europeus, 'settled status'.
Para o processo, o candidato precisa de comprovar o conhecimento da língua inglesa, passar um teste sobre a vida e cultura britânicas, apresentar um registo criminal sem ofensas graves e pagar uma taxa de 1.330 libras (1.500 euros).
De acordo com o Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia no Reino Unido [EU Settlement Scheme, EUSS], 252.400 portugueses possuem um título de residência permanente [settled status] e 164.640 um título provisório [pre-settled status].