05 jan, 2023 - 22:55 • João Malheiro
À nona ronda de votações, Kevin McCarthy continuua sem conseguir ser eleito presidente (Speaker) da Câmara dos Representantes, com a ala mais radical dos Republicanos a recusar votar no líder da maioria do partido. A eleição terá de ir a uma décima votação, pela primeira vez desde 1859, em que foram necessárias 44 rondas para eleger o presidente da câmara baixa do Congresso norte-americano.
Apesar de ter feito concessões aos seus opositores internos, McCarthy fica assim três dias consecutivos a falhar a nomeação, tendo começado com 203 votos a favor, mas, nas últimas rondas, chegando a receber só 201. Byron Donalds, da Flórida, e Kevin Hern, do Oklahoma, foram dois dos Republicanos que receberam votos dissidentes.
Digno de nota também o voto de Matt Gaet no antigo Presidente dos EUA, Donald Trump. Apesar de não ter sido eleito para a Câmara dos Representantes, nada impede um cidadão não eleito de ser nomeado speaker, se tiver os votos necessários.
Do lado do Partido Democrata, os 212 congressistas continuam unidos em votar no seu líder Hakeem Jeffries.
Segundo o orgão de comunicação social "Politico", o Partido Republicano poderá tentar adiar as restantes rondas de votação até à próxima semana, para que McCarthy tenha capacidade para negociar e reunir os votos que faltam a seu favor. No entanto, para isso seria necessário a cooperação de alguns dissidentes ou até dos próprios Democratas.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, veio considerar a situação como “embaraçosa”, dizendo que prejudica a imagem do país no estrangeiro.
“Não é um problema meu. Só acho um pouco embaraçoso que esteja a demorar tanto tempo e a forma como o estão a fazer uns com os outros e com o resto do mundo a olhar, a ver se conseguimos agir em conjunto. Pela primeira vez em cem anos temos um impasse. Não dá uma boa imagem, não é uma coisa boa”, declarou aos jornalistas junto da Casa Branca.
Adensa-se a expetativa sobre o resultado da eleição para o líder da câmara baixa do Congresso norte-americano ou sobre se surgirá um candidato alternativo.
As regras da Câmara dos Representantes exigem que as votações para eleger o novo presidente continuem até que um nome obtenha uma maioria simples, o que está a provocar um impasse sem resolução à vista. De acordo com a norma, a Câmara dos Representantes não pode ter qualquer outro tipo de atividade e discussão até que esta eleição se complete.
É a primeira vez, em 100 anos, que a Câmara dos Representantes tem de ir a múltiplas rondas de votação para eleger o seu "speaker".
Os republicanos têm uma maioria na câmara baixa de 222 representantes, face aos 212 democratas, depois das intercalares de novembro. As margens curtas implicam que seis republicanos que quebrem a linha de voto são o suficiente para travar uma nomeação. Os democratas são incapazes de eleger um presidente sem contar com votos do partido contrário.