06 jan, 2023 - 18:34 • Lusa
Um alto responsável do regime afegão criticou o príncipe britânico Harry por ter revelado em livro ter abatido 25 talibãs enquanto servia como militar no Afeganistão e acusou-o de levar a cabo "crimes de guerra".
Segundo Anas Haqqani, no livro a ser publicado na próxima semana, Harry disse que via os combatentes afegãos como "peças de xadrez" e revela o número exato de pessoas que matou durante as duas missões.
"O meu número é 25. Não é um número que me dê satisfação, mas também não me envergonho disso", escreve Harry, Duque de Sussex, no livro cuja versão em espanhol foi colocada quinta-feira à venda durante algumas horas, antes de ser retirada do mercado.
Harry refere que considerava essas pessoas como "peças de xadrez" retiradas do jogo, tal como fora instruído no treino militar, pois é "impossível", disse, disparar sobre um alvo "se se pensar que é uma pessoa".
"Senhor Harry, aqueles que matou não eram peças de xadrez, eram seres humanos" que tinham famílias, sublinhou Haqqani, que insistiu nas acusações de crimes de guerra.
"Mas, na verdade, é o que diz: o nosso povo inocente era como peças de xadrez para os seus soldados e para os seus líderes militares e políticos. Mas, apesar de tudo, perdeu esse jogo", acrescentou.
O porta-voz do governo afegão também criticou Harry. "Esses crimes não se limitam a Harry, mas a todas as potências ocupantes que cometeram tais crimes no nosso país. Os afegãos nunca esquecerão os crimes dos ocupantes", escreveu Bilal Karimi na conta pessoal na rede social Twitter.
Harry serviu durante 10 anos no exército britânico, encerrando a carreira como capitão.
Foi enviado para o Afeganistão por duas vezes, primeiro em 2007 e 2008, período em que foi responsável pela coordenação de ataques aéreos, e novamente em 2012 e 2013, nessa altura como piloto de helicóptero.
Harry justificou as suas ações com os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, sublinhando acreditar que os inimigos contra os quais lutava no Afeganistão tinham cometido um crime contra a humanidade.
Esta não é a primeira vez que o príncipe Harry gera polémica sobre o seu envolvimento em operações no Afeganistão.
Em 2013, Harry afirmou que, para um piloto de helicóptero, matar combatentes rebeldes era como jogar um jogo de vídeo.