10 jan, 2023 - 08:30 • Pedro Valente Lima
A falta de ovos nos supermercados neozelandeses tem motivado um aumento significativo da compra de galinhas. A carência deve-se à mais recente proibição de baterias de gaiolas no país, que entrou em vigor no início deste ano.
De acordo com o jornal The Guardian, os produtores de ovos da Nova Zelândia afirmam não conseguir responder à grande procura do mercado, faltando "centenas de milhares de galinhas" para conseguirem responder aos consumidores.
O mercado de ovos neozelandês aponta o dedo à recente proibição das baterias de gaiolas, jaulas de pequenas dimensões colocadas em linha e por colunas, muitas das vezes acima da lotação e consideradas prejudiciais à saúde e bem-estar das aves.
A decisão, no entanto, já havia sido tomada em 2012, altura em que 86% das galinhas poedeiras se encontravam nessa situação, diz o The Guardian.
Em dezembro de 2022, esse número havia reduzido para 10%, um mês antes de a proibição entrar em vigor. Apesar do "pré-aviso" de dez anos, a falta de ovos já se fazia pressentir ao longo de 2022.
Ao longo da década, vários produtores de ovos despenderam milhões de dólares na troca para gaiolas de criação em colónia e outros viram-se forçados a abandonar o mercado face aos custos. Houve ainda quem esperasse por possíveis apoios e recursos para compensar as mudanças.
Face à carência deste produto, e aos limites de compra de ovos impostos pelos supermercados, muitos neozelandeses têm-se virado para a criação de "quintas". Que é como quem diz, para a compra de galinhas para levar para casa.
Segundo o The Guardian, a procura deste tipo de aves na internet neozelandesa aumentou 77% na última semana, a rondar as 32.800 pesquisas online. Números que têm suscitado preocupação entre as associações animais do país oceânico.
"Compreendo que pareça uma boa ideia, mas, a não ser que cuidem delas a longo prazo, não comprem galinhas", frisou Gabby Clezy, diretora executiva da Sociedade para a Prevenção de Crueldade Animal (SPCA) da Nova Zelândia.
De acordo com a mesma associação, os consumidores podem ser "surpreendidos" com a longevidade deste tipo de animais - que podem viver dez ou mais anos - e pelo facto de poderem produzir ovos apenas nos "primeiros dois, três anos".
Além disso, a SPCA alerta para as necessidades específicas destas aves. Além de precisarem da companhia de outras galinhas, exigem gaiolas limpas e espaçosas, cuidado veterinário e alimentação com qualidade.
"São animais de companhia divertidos, não os comprem como produtores de ovos", sublinha Clezy.